Na região do Alto Acre, o cenário político pré-eleitoral começa a ganhar contornos curiosos — para não dizer pitorescos. Em meio ao burburinho das pré-candidaturas a deputado estadual e federal, surgem nomes de “primeira viagem” que, embalados por discursos inflamados e promessas ainda mais ousadas, ensaiam seus primeiros passos — ou melhor, seus primeiros voos — na aviação da política regional.
O problema é que, para muitos observadores atentos, esses voos lembram mais o da nambu: rasantes, curtos e, em alguns casos, completamente desorientados. Há quem vá além na comparação e enxergue certos postulantes como verdadeiras galinhas-d’água, batendo asas com entusiasmo, mas sem muita noção de altitude, direção ou destino. O impulso existe; a experiência, nem tanto.
Em discursos que misturam slogans reciclados e frases de efeito, alguns pré-candidatos parecem acreditar que a política se resolve na base do improviso e das redes sociais, como se curtidas substituíssem propostas e lives fossem suficientes para enfrentar a complexidade dos problemas do Alto Acre. A sensação é de que muitos descobriram a vocação política ontem e, hoje, já se veem prontos para Brasília ou para a Aleac.
Enquanto isso, o eleitor assiste a esse desfile de novidades com uma mistura de curiosidade e ceticismo. Afinal, a região carrega desafios históricos — infraestrutura precária, saúde fragilizada, economia dependente e uma fronteira sensível — que exigem mais do que coragem juvenil ou ambição apressada. Exigem preparo, articulação e, sobretudo, compromisso real com a coisa pública.
O risco é que, nesse excesso de pré-candidaturas em voo experimental, alguns acabem pousando antes mesmo da decolagem oficial. Outros podem até levantar voo, mas sem combustível político suficiente para chegar longe. No fim das contas, a política do Alto Acre segue seu curso, observando quem aprenderá a voar de fato — e quem ficará apenas ciscando no terreiro eleitoral, fazendo barulho, mas sem sair do chão.
EPITACIOLÂNDIA: A TERRA DOS SONHOS (E DOS EGOS INFLADOS)
No município de Epitaciolândia, o clima político parece mais próximo de um conto de fadas do que da realidade. Há tempos, especialistas tentam entender se o que se vê por aqui é planejamento político ou apenas gente à espera de uma fada madrinha eleitoral. Se alguém encontrá-la, inclusive, favor avisar — tem muita gente querendo esse empurrãozinho mágico.
CÂMARA DOS CHEIOS DE SI
Após uma eleição conturbada e marcada por egos inflados, Epitaciolândia segue sem transmitir muita confiança a quem esperava mudanças concretas. A mesa está posta, as apostas são altas, mas o resultado promete ser bem abaixo do discurso. O que se esperava como voo de águia deve acabar mesmo como voo de galinha d’água — baixo e curto. E há quem diga que muitos dos atuais atores nem retorno terão na próxima legislatura. Aguardemos.
EGO NAS ALTURAS, REALIDADE NO CHÃO
Falando em ego e estrelismo, um certo político local anda alardeando que, na disputa para deputado estadual, pretende ultrapassar a marca de 10 mil votos. A pergunta que fica é: alguém já tentou acordar esse cidadão? O ego está tão cheio que corre risco de explosão. Fica a dica: belisquem-no antes que seja tarde.
NADANDO DE BRAÇADA (E EM SILÊNCIO)
Atravessando a ponte, o cenário muda. No município vizinho, quem observa com atenção percebe que, enquanto muitos falam demais, a prefeita Fernanda trabalha em silêncio. Como diz o ditado mineiro: “caladinha”. E, diga-se de passagem, esse silêncio pode resultar em um verdadeiro estrago nas urnas. Há quem aposte que ela vem forte. Os desavisados que se cuidem para não se quebrar no caminho.
JEITO DE GAROTO MAROTO, CAMPANHA DE GENTE GRANDE
Outro nome que vem chamando atenção é o do contador e atual deputado estadual Tadeu Hassem. Com campanha robusta e estratégia de veterano, mostra que aprendeu cedo com o histórico político da família. Não poderia ser diferente. É mais um que promete “arrebentar a boca do balão”. Basta aguardar e conferir.
SE FOSSE DENTISTA, TERIA CLIENTE SÓ PELO SORRISO
Em Brasiléia, quem também anda bastante assediado é o presidente da Câmara Municipal de Brasiléia, Marcos Tibúrcio. De bobo, não tem nada. Já está no quarto mandato e presidente da Casa por duas vez. Se ainda não aprendeu a fazer política, então melhor desistir — mas tudo indica o contrário. Informantes de bastidores garantem: não brinquem com ele. O nome já circula forte para compor chapa como vice-prefeito na próxima eleição. Assistiremos de camarote.
PALAVRA DE REFLEXÃO
“A vida não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser experimentada.” Søren Kierkegaard