De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição 2022, da Portas Abertas, “em menos de um ano, 3.829 cristãos foram sequestrados ou desapareceram em contexto de perseguição.
Esse cenário tem se tornado cada vez mais frequente e ver entes queridos, amigos ou irmãos “sumirem do nada” é uma realidade presente e desafiadora.
De olho nessa situação tão preocupante, a ONU escolheu uma data para falar do assunto e destacar o problema — o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, no dia 30 de agosto.
O mundo dos cristãos em países que rejeitam Jesus
Por trás de todo cristão sequestrado ou desaparecido , existe uma família que sofre. Esposas e filhos ficam desamparados e as famílias angustiadas ficam esperando a sua volta, sem saber se ela vai acontecer.
Conforme a Portas Abertas, os principais responsáveis pelos desaparecimentos forçados são o governo e os grupos extremistas que atacam repetidamente e escondem o paradeiro das vítimas.
O pastor Raymond Koh, por exemplo, desapareceu em fevereiro de 2017, na Malásia. Sua esposa Susanna só sabe que ele foi raptado por 15 homens mascarados, todos envolvidos com o governo.
Mesmo depois de 5 anos, ela ainda alimenta a esperança de reencontrar o marido, apesar de não ter mais informações sobre ele.
Além do pastor Koh, outros cristãos malaios desapareceram da mesma forma. Isso mobilizou a população a pressionar o governo com marchas e cartazes solicitando uma resposta sobre os desaparecidos.
Desaparecimento na Síria
Na Síria, um cristão chamado Rober foi abordado por extremistas enquanto estava a caminho do trabalho, em março de 2013. Por se recusar a abandonar Jesus, ele foi sequestrado.
A esposa dele, Jina, não tem notícias desde então. Um colega que estava com Rober contou essa história para Jina e é tudo que ela sabe.
Por estar sem notícias do marido há quase 10 anos, Jina foi considerada viúva e precisa cuidar sozinha do filho, Apo, que tinha apenas um ano quando tudo aconteceu.
Para os cristãos sírios, a paranoia ditatorial e a opressão islâmica são os maiores motivos da perseguição aos seguidores de Cristo. Os ex-muçulmanos ficam mais vulneráveis, pois são vistos como traidores e apóstatas.
A notícia mais divulgada sobre essa questão é a que mostra o desaparecimento das meninas de Chibok. O sequestro aconteceu em abril de 2014, quando 275 meninas foram raptadas pelo grupo extremista Boko Haram.
Oito anos depois, ainda não se sabe o paradeiro e nem o estado de 111 delas. Algumas meninas foram libertadas, outras foram resgatadas em 2018, mas a dúvida sobre a situação das outras meninas persiste.
Outro país onde a situação é preocupante é em Bangladesh. O cristão Jashim é um exemplo do que acontece com aqueles que insistem em seguir a Cristo em contextos islâmicos.
Jashim ficou desaparecido por quase duas semanas quando parentes muçulmanos atacaram a casa dele. Ele foi resgatado, mas voltou com muitas marcas de agressões físicas.
O reencontro com a família — esposa e filhos — só foi possível através de colaboradores da Portas Abertas que atuam na região. Apesar de tudo o que viveram, eles continuam firmes em sua fé.
360 milhões de cristãos são perseguidos no mundo
Os países citados não são os únicos onde as pessoas desaparecem por causa da fé em Cristo. A Lista Mundial da Perseguição aponta para os 50 países onde o cristianismo é motivo de prisões, torturas e até execuções.
Atualmente, mais de 360 milhões de cristãos são perseguidos no mundo e esse número tem aumentado a cada ano.
Para o secretário geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, o crescimento da hostilidade contra cristãos — em forma de ataques, prisões, sequestros e casamentos forçados — é preocupante e pode afetar outros direitos humanos, além da liberdade religiosa.
Na América Latina, essa realidade chega aos poucos, já mostrando seus tentáculos através de alguns países como México, Colômbia, Cuba e Nicarágua.
Em seu artigo no Guiame, a psicóloga cristã e conservadora, Marisa Lobo, disse que há um sinal de alerta para os cristãos no Brasil: “Não podemos ignorar os fatos! O cenário político atual, na América Latina, indica que o Brasil está sendo cercado, aparentemente, por governos autoritários”.