De acordo com o ex-deputado José Genoino, condenado e preso no escândalo do mensalão, o Partido dos Trabalhadores possui o objetivo de mudar as diretrizes das Forças Armadas. Em novembro do ano passado, no decorrer de uma entrevista ao canal Opera Mundi, o petista declarou que a proposta sofreria residência do Exército e do Congresso, no entanto, propôs um “discurso forte” para “impedir reações”.
Dentre as ações aventadas por Genoino, estão a eliminação do artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas na ordem constitucional; a reforma dos currículos militares; a reorganização do Exército, que ficaria sob comando político; uma mudança na promoção dos oficiais; a integração militar dos países latino-americanos, para fazer frente aos Estados Unidos; a quarentena àqueles oficiais que venham a ocupar cargos públicos; e a diminuição de militares em funções políticas.
Questionado se tais ideias não provocariam uma crise militar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-deputado não pensou duas vezes: “O governo tem de quebrar várias tutelas”, afirmou. “Essa é uma delas. A segunda é do Ministério Público Federal, a terceira é da independência do Banco Central e a quarta é do teto de gastos. Há mais questões, mas ficaremos nessas quatro.”
O ex-parlamentar condenado crê que essas propostas não seriam bem-recebidas pela caserna e pelos parlamentares, mas defendeu a imposição de uma nova política de Defesa. “Queremos defender um novo modelo de profissionalização, valorizar o conhecimento tecnológico-científico”, observou. “O que vocês estão fazendo é mediocridade.” Ele admitiu que haverá reações de deputados, senadores e militares, mas defendeu um “discurso forte” para dissuadi-los. “Dependendo da nossa capacidade de articulação e de mobilização política, podemos neutralizá-los”, ressaltou. “Só vejo esse caminho.”