Lideranças do movimento negro que apoiaram o presidente eleito, Lula (PT), manifestaram “decepção” com o petista. Segundo eles, a equipe de transição do governo não tem “suficiente representatividade de minorias” em seus quadros técnicos. Também se opuseram à criação do Ministério da Igualdade Racial.
As críticas são do frei franciscano David Santos, da Educafro, e do sociólogo Ivair Augusto dos Santos, que redigiram um artigo juntos. Durante a campanha, ambos indicaram nomes para ajudar Lula, ignorados pelo petista depois de vencer a disputa pelo Palácio do Planalto, há duas semanas.
“Olhando para a equipe de transição do governo Lula, bate uma tristeza e um sentimento de desilusão, ingratidão e perpetuação do colonialismo”, argumentaram, no texto. “Lula precisa reverter esse quadro trágico.”
Adiante, os líderes do movimento negro garantem ter membros qualificados, “até para ocupar o STF” — em 2023, Lula vai indicar dois ministros para o lugar de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. “Quase todos, frutos de algumas das ações afirmativas do próprio governo Lula”, disseram os autores.
“Por que o governo e os partidos cobram das empresas particulares e não dão o exemplo na composição do governo federal?”, interpelaram os signatários do artigo. “Até agora, os indicados para a equipe de transição são, em sua maioria, pessoas brancas, ricas, velhas. O racismo estrutural está dominando a equipe que comanda a frente democrática?”
