fonte: revista oeste news
A Argentina fechou 2022 com inflação na casa dos 95%, enquanto, no Brasil, o índice de inflação oficial medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativo aos 12 meses do ano passado foi de 5,79%.
Em postagens no Twitter, políticos, empresários e economistas criticaram a intenção da criação de uma moeda comum, especialmente pela crise econômica e política pela qual passa o país vizinho.
O deputado Paulo Martins (PL-PR) escreveu: “A moeda única com a Argentina será a maior imbecilidade do Brasil republicano. Aliás, será o seu fim.”
O empresário e escritor Flávio Augusto disse que se a iniciativa der errado “seria uma tragédia humanitária sem precedentes para o país”.
O deputado estadual de SP, Alexandre Freitas (Podemos), falou que a moeda comum poderia “destruir” os resultados do Plano Real, criado em 1994, no governo de Itamar Franco, quando Fernando Henrique Cardoso era ministro da Economia, e levar o país à hiperinflação. “O fundo do poço é a única certeza que temos.”
O senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) disse que “propor a moeda comum com a Argentina é cortina de fumaça para a inexistência, até o momento, de qualquer projeto substancial para a economia brasileira”.
O economista Alan Ghani também alertou para a volta da hiperinflação. “Vão afundar ainda mais a Argentina e gerar hiperinflação no Brasil. Será o abraço dos afogados.”
O empresário Leandro Ruschel mencionou “a completamente quebrada Argentina” e citou uma frase do líder comunista russo Vladimir Lênin: “Os interesses do socialismo estão acima da autodeterminação das nações.”
Moeda única e moeda comum
No texto publicado no sábado no jornal argentino Perfil, Lula e Fernández disseram que decidiram “também avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana”. Segundo os dois presidentes, a moeda seria “utilizada para fluxos financeiros e comerciais”, o que reduziria “os custos operacionais e a vulnerabilidade externa dos países”.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o ministro da Economia argentino, Sérgio Massa, disse que o estudo engloba tudo, “de questões fiscais ao tamanho da economia e ao papel dos bancos centrais”. Massa também disse à imprensa que a moeda poderia se chamar Sur (Sul, em espanhol) e que, num primeiro momento, funcionaria de forma paralela ao peso argentino e ao real. Mas poderia ter adesão de outros países da região.
Ainda não se tem clareza, portanto, de que tipo de moeda estaria em estudo, já que há diferenças entre moeda única e moeda comum. No primeiro caso, a situação se assemelharia ao euro, moeda única da União Europeia, que implica necessariamente na criação de um banco central comum e perda de soberania monetária pelos países.
Já a moeda comum entre os dois países seria usada por empresas brasileiras e argentinas, mas não por pessoas físicas, e serviria como referência para as suas transações comerciais entre os dois países, em vez do uso do dólar. Pela cotação de hoje, US$ 1 dólar corresponde a 183 pesos argentinos.