Lula estava prestes a anunciar a aprovação na Câmara de um projeto de lei que tem o objetivo de garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres. De repente, surgiu o cerimonialista: “Está encerrada esta cerimônia. Pedimos a todos e a todas que aguardem em seus lugares a saída”.
O presidente manifestou desconforto e respondeu. “Não está encerrado, meu caro amigo. Reabra os trabalhos.” Na sequência, o petista retomou o discurso.
Lula e as pautas feministas
Janja e Lula fazem selfie de iPhone | Foto: Reprodução/Instagram/Janja Lula
Reportagem da Folha de S.Paulo mostra que, em 24 de janeiro, enquanto integrava a comitiva presidencial na Argentina, a primeira-dama descobriu que não fazia parte da estrutura oficial do governo. Ao saber da notícia, resolveu telefonar para os principais integrantes da cúpula petista e cobrar explicações.
Quando retornou a Brasília, Janja intensificou as cobranças. Os auxiliares de Lula consultaram a viabilidade legal do pedido da primeira-dama e alertaram sobre a possível prática de nepotismo.
Mesmo sem salário, a criação de uma secretaria especial com uma equipe subordinada à primeira-dama poderia exigir a aprovação de um projeto no Congresso Nacional.
Janja teria confessado sua contrariedade a interlocutores. Em uma ocasião específica, perguntou se teria de rasgar a certidão de casamento para exercer uma atividade política no Brasil.
Mas não para aí. Em fevereiro, a primeira-dama abordou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, para contestar as restrições impostas à criação de um cargo para ela. O chefe da Casa Civil passou a bola para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a quem qualificou como especialista no assunto. Dino se manifestou a favor da redação de um decreto que permita a Janja exercer uma função no governo.