O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reagiu com ironia ao ser questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Hiroshima, onde foi realizada, neste fim de semana, a cúpula do G7.
– Acho que foi ele quem ficou decepcionado – respondeu, rindo em seguida, em coletiva neste domingo (21).
Ainda com certa ironia, Zelensky afirmou que ele e Lula não se encontraram entre ontem e hoje por problemas de agenda.
– Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil – declarou o presidente ucraniano.
Em uma das ocasiões em que os líderes participantes da cúpula estiveram juntos, Zelensky foi cumprimentado por vários deles, enquanto Lula teria permanecido sentado.
Lula e Zelensky chegaram a negociar nas últimas 24 horas uma reunião bilateral às margens do G7, mas o presidente brasileiro resistiu, apesar da forte pressão internacional. O petista insiste na estratégia de tentar se equilibrar na guerra entre a Rússia e a Ucrânia e afirma que o Brasil é neutro no conflito.
Em coletiva de imprensa na cidade-sede do G7 antes de retornar a Kiev, Zelensky afirmou ainda que não tem provas de que Brasil, Índia e China enviam armas para a Rússia travar a guerra. Ele também instou todos os países a se envolverem “na fórmula da paz”, mas defendeu que não promoveu os encontros no G7 em troca de qualquer “passo” em defesa da Ucrânia.
Zelensky conseguiu uma reunião até mesmo com o premiê da Índia, Narendra Modi, que é mais próximo de Moscou do que o Brasil. Na coletiva de imprensa, o presidente da Ucrânia quis passar a imagem de apoio internacional para resistir à ofensiva russa.
– A quem quer guerra, veja como estamos unidos – disparou, em um claro recado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O G7 é abertamente pró-Ucrânia, mas países em desenvolvimento que participaram na cúpula na condição de convidados, incluindo o Brasil, resistem em tomar lado explicitamente.
– A guerra não pode ter lugar no mundo – clamou o líder ucraniano, segundo quem a Rússia é um Estado terrorista com poder nuclear.
– Sonhamos com a paz após a nossa vitória – acrescentou.