“A literatura é uma ferramenta de transformação social, e para mim foi o pontapé inicial para mudar”, afirmou Nesseilde Andrade, ex-detento da unidade penitenciária de Rio Branco. Andrade começou a escrever as primeiras páginas do livro enquanto estava recluso. A obra Desvendado por Deus foi lançada na quinta-feira, 17, no museu dos Autonomistas.
“Consigo me ver como uma prova de que a literatura muda a vida das pessoas”, disse Andrade. Foto: Neto Lucena/Secom
Durante as duas passagens no Presídio Francisco de Oliveira Conde, o ex-reeducando começou a ler livros da literatura brasileira, espanhola e norte-americana. Além disso, quando estava na unidade, Nesseilde buscou trabalhar nas áreas internas, como auxiliar de cozinha e faxineiro. As ocupações são passos significativos para a consolidação da ressocialização no presídio.
Processos de ressocialização
Nesseilde não tinha o hábito de ler, mas por incentivo de um educador universitário começou a frequentar o espaço de leitura do presídio.
Na penitenciária havia um professor que doava livros para a biblioteca da unidade, e essa foi a abertura de Nesseilde Andrade para começar a mudar a trajetória de vida, já que havia suspendido seus estudos no curso de Licenciatura em História na Universidade Federal do Acre (Ufac).
“A equipe do Iapen, principalmente a de reintegração social, fica feliz com essa história de vida de Nesseilde, e por ele ter aproveitado as oportunidades de trabalho e educação. Nós esperamos que a trajetória dele sirva de inspiração para que outras pessoas privadas de liberdade possam romper com o ciclo de violência e busquem um futuro melhor”, frisou a chefe de Reintegração Social, Liliane Moura.
O ex-reeducando começou a ler romancistas como Machado de Assis e Aluísio de Azevedo. Foto: Neto Lucena/Secom
A ressocialização é um instrumento de política pública que incentiva práticas positivas e caminhos para que os presos possam se voltar ao convívio social. Mediante a esse fluxo, conforme dados da Divisão de Trabalho, atualmente, o Iapen oferta mais de 90 postos de trabalho no Acre.
Assim, as unidades penitenciárias possuem variados serviços, como horta, faxina, cozinha, marcenaria, artesanato, oficina de lanternagem e pintura, posto de lavagem e casas de farinha.