Em livro, Janones conta que criou várias fake news para ‘desestabilizar’ Bolsonaro

Nacional
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FONTE: terrabrasilnoticias.com

O parlamentar revela, na obra de 176 páginas, bastidores da campanha da eleição de Lula à Presidência da República e revela que fez uso de informações falsas

O deputado federal mineiro André Janones (Avante) lança, no próximo mês, o livro “Janonismo cultural: o uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”. O parlamentar conta, na obra de 176 páginas, bastidores da campanha da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República e revela que fez uso de informações falsas para “desestabilizar” o então concorrente do petista e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes de um debate.

Conforme o jornal O Globo, dividido em 12 capítulos, Janones conta em “O celular de Bebianno” que durante o segundo turno, minutos antes do início do debate na TV Globo, inventou que estava com o celular de Gustavo Bebianno – que passou de advogado e secretário-geral da Presidência no início do mandato de Bolsonaro à frente do governo do Brasil a um de seus principais desafetos. A tentativa, segundo o deputado, era abalar emocionalmente Bolsonaro.

Isso porque, desde a morte de Bebianno em função de um infarto, em 2020, comenta-se nos bastidores que o advogado tinha em seu celular informações que poderiam comprometer membros do governo. Janones admitiu que jamais chegou perto do aparelho. “O que Jair Bolsonaro temia? Que eu tivesse entregado documentos sobre Gustavo Bebianno para Lula às vésperas do último debate. Até eu me impressionava com minha capacidade de mexer com eles”, narra o deputado.

Em seu livro, O Globo ainda conta que o parlamentar revelou que disseminou a informação falsa de que o ex-presidente Fernando Collor de Mello iria assumir um ministério em uma eventual reeleição de Bolsonaro. “O ministro de Lula vai ser José Dirceu? Tá bom. Então o ministro da Previdência de Jair Bolsonaro vai ser Fernando Collor de Mello. Simples assim. Ele realmente seria ministro de Jair Bolsonaro? Eu sei lá. Mas uma vez que ele apoiou Jair Bolsonaro, poderia muito bem ser. Ele iria confiscar benefícios como a aposentadoria? Não sei, mas ele confiscou as poupanças quando foi presidente”, escreveu.

Janones ainda compartilhou os bastidores da estratégia que liderou para repercutir o vídeo em que Bolsonaro disse que “pintou um clima” com meninas venezuelanas durante visita à comunidade de São Sebastião, em Brasília. O deputado argumenta que a declaração causou indignação em qualquer brasileiro que não esteja desconectado da realidade. E, por isso, disse que enquanto a esquerda hesitava em explorar o tema, ele foi até o local e, em um tuíte, afirmou ter cumprido sua missão de investigar o tema, apesar de admitir que na verdade não havia recolhido qualquer material.

O deputado ainda destacou no livro que um dos pontos cruciais para a vitória de Lula foi a transmissão ao vivo em que ele afirmou que Paulo Guedes, então ministro da Economia, confirmou a intenção de reduzir o valor das aposentadorias, pensões e salário mínimo. Essa, segundo Janones, foi uma resposta ao projeto de Guedes, chamado de “Plano 3D”, que visava desvincular, desindexar e descarimbar as despesas do Orçamento.

Janones descreve o momento em que saiu do Ministério da Economia com uma pasta da Câmara dos Deputados, anunciando a notícia como uma bomba. Ele afirma que essa transmissão ao vivo foi o conteúdo mais viral da campanha e contribuiu significativamente para os votos em favor de Lula.

Após contar em livro que tentou desestabilizar Bolsonaro, nas redes Janones diz que não usou Fake news

Mesmo contando em seu livro que tentou desestabilizar Bolsonaro com materiais que publicava nas redes sociais, Janones disse em suas redes sociais, neste sábado (28), que não utilizou de Fake News para derrotar Bolsonaro nas últimas eleições em resposta ao conteúdo divulgado por O Globo.

“Convido-os a ler e comprovarem a mentira deslavada constante no TÍTULO da matéria. O uso de letras garrafais quando me refiro aos termos “machete” e “título”, não é por acaso. É que na matéria em si, não existe menção a qualquer página do livro, nem tampouco uma fala minha entre aspas, onde eu teria dito que fiz uso de fake News. A questão aqui é que os grandes veículos de comunicação já perceberam que, atualmente, importa mais a narrativa (no caso em tela, ela é dada pelo título falso), do que os fatos em si”, escreveu.

Em outra publicação, dessa vez em resposta a Bolsonaro sobre Bebianno, ele ainda afirma que não é verdade que inventou notícias. O que eu conto no livro, foi que mexi com o psicológico deles ao utilizar de uma afirmação vaga: “tenho conteúdos inéditos do celular do Bebiano”. Na verdade, o que eu explico no livro é que eu fiz a vaga afirmação, porém sem esclarecer o conteúdo que estava em minha posse. A afirmação de que o conteúdo era algo grave contra o “clã Bolsonaro”, não saiu de mim: foi uma criação da mente daqueles que carregam dentro de si a consciência pesada, devido aos inúmeros crimes cometidos”.