A nova pesquisa do PoderData divulgada nesta quarta-feira (31) mostra que a desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue em alta entre os evangélicos, mas agora atinge também o eleitorado católico. Os dados mostram que 6 em cada 10 evangélicos (58%) não aprovam a atual gestão, alta de 2 pontos percentuais desde janeiro de 2023, mas apresenta uma queda de 4 pontos desde a última pesquisa em dezembro de 2023 (62%). A aprovação também caiu de 31% para 29%.
Já entre os católicos, em que a atual gestão de Lula sempre se manteve em alta, dessa vez recuou de 62% para 59%, enquanto que, a reprovação, subiu de 31% para 35% em relação à pesquisa anterior. Contudo, no cenário geral, a aprovação ao governo Lula subiu de 46% a 49%, alta de três pontos percentuais desde o último levantamento.
A pesquisa do PoderData foi realizada de 27 a 29 de janeiro de 2024, em 229 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.
Pesquisa vem após desgaste com fim de benefícios para pastores
A pesquisa do PoderData foi realizada exatamente após o fim da isenção tributária sobre os salários dos pastores determinado pela Receita Federal, divulgado no Diário Oficial em 17 de janeiro deste ano, a pedido do Tribunal de Contas da União (TCU).
Antes do debate acalorado nas redes sociais nos últimos dias sobre esse assunto, a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontava que a desaprovação dos evangélicos em relação ao atual presidente apresentava uma leve queda, indo de 42% para 40%.
Na época, o articulista do site Comunhão, o empresário cristão e teólogo, Fábio Hertel, chegou a questionar esses números, e ainda criticou a postura do atual governo em tentar usar artifícios para melhorar a imagem junto aos evangélicos.
“Como todo governo que quer implementar suas filosofias, teorias, ideologias e seu plano de governo, acaba se ancorando no aspecto da comunicação do marketing. Lança campanhas, projetos comerciais, propagandas, paga influenciadores. Então, o povo acaba caindo nessa armadilha”, ressaltou.
O também articulista, pastor Jorge Linhares, presidente da Igreja Batista Getsêmani e do Conselho de Pastores do Estado de Minas Gerais (CPEMG), disse que a decisão do TCU é meramente política.
“Essa decisão do TCU é, acima de tudo, política. Tudo o que puder ser feito para que o nome de pastor seja execrado, infelizmente, será feito por este governo. Por quê? Porque os pastores foram os grandes apoiadores da eleição do Bolsonaro e quase a derrota do atual presidente. Então isso chama-se retaliação”, afirma.
Medidas de aproximação
A pesquisa do PoderData desta quarta-feira deve, inclusive, acelerar o processo de aproximação do governo com os evangélicos. Na semana passada, por exemplo, a Advocacia-Geral da União (AGU) já havia decidido que chamaria os líderes da bancada evangélica no Congresso para tentar chegar a um acordo referente ao fim da isenção.
O encontro estaria sendo costurado a pedido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após encontro com lideranças religiosas, e o presidente da AGU, ministro Jorge Messias, que é evangélico da Igreja Batista, e foi escalado pelo Governo para tentar mediar uma solução plausível.
Paralelo a isso, o governo Lula tem se desdobrado para tentar acatar a pautas de interesse dos evangélicos, principalmente por entender a importância desse público em um ano eleitoral. Entre as investidas estão: isenção de impostos para as igrejas, treinamento de fiéis para atuarem em programas sociais bancados por projetos federais são algumas dessas ações. Também há planos de uma reunião entre o presidente Lula e as principais lideranças evangélicas do país neste mês de fevereiro.
Além disso, a Fundação Perseu Abramo – principal centro de estudos ligado ao PT – pretende criar um Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPPs) voltado a temas religiosos. A ideia é produzir estudos e pesquisas e dar sugestões sobre como o partido pode se relacionar com o segmento, em especial, os evangélicos.