Dona Chiquinha!

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Socorro Queiroz
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Seu nome é Francisca Almeida de Queiroz mas, todos a conhecem por Dona Chiquinha, nasceu em Fortaleza, Ceará, dia 06 de abril de 1922, chegou por essas “bandas” com seu esposo Paulino Rodrigues de Queiroz, vinham em um navio a vapor. O Rio Acre era largo, servia de porta de entrada para grandes embarcações (se você tem alguma dúvida, basta olhar para a âncora encontrada no Rio Acre, que está pendurada ao lado do Altar da Igreja Católica em Brasileia). Dona Chiquinha e seu esposo, assim como a maioria dos nordestinos, vieram trabalhar nos seringais, cortando seringa. Aqui a vida não foi fácil. Dona Chiquinha era parteira de “mão cheia”, realizou dezenas de partos, principalmente na zona rural. Quantas famílias não recorreram ao seu auxílio? Mãe de 11 filhos, ficou viúva, muito jovem e trabalhou muito em roçados, principalmente no plantio de arroz, para prover o sustento da família. Católica fervorosa e uma benzedeira de mão cheia! Quantas mães recorreram às suas “benzeduras”, vento caído, quebranto e mal olhado. Lá está D. Chiquinha recebendo de braços abertos as crianças, com suas mães angustiadas. Já levou ao médico? Geralmente é sua primeira pergunta!
D. Chiquinha é uma fortaleza! Afinal, 102 anos, com uma memória invejável, capaz de reconhecer quem esteve ou não presente no seu aniversário no ano anterior.
O aniversário de Dona Chiquinha é um evento marcante para ela, familiares e amigos. E ela faz questão de convidar a todos! Como esquecer da presença do Padre, a abençoar a sua nova idade, da presença dos 11 filhos, 60 netos, 78 bisnetos, 20 tataranetos, 16 pentanetos e dos amigos!
Como esquecer do delicioso almoço, regado a churrasco e galinha caipira (uma bacia só com asas, outra, somente com coxas e assim sucessivamente). Aliás, dezenas de galinhas caipiras, para alimentar a multidão que comparece.
A dedicação dos familiares e amigos em preparar a festa e recepcionar os convidados é notória.
Recordo-me da presença do falecido Padre Gilberto no aniversário da Dona Chiquinha. Enquanto ela estava cantando louvores na sala, o padre estava degustando uma suculenta coxa de galinha na cozinha. Chama o Padre para benzer o jantar? Falou ela ao microfone! Padre Gilberto desesperado, escondeu o prato e seguiu ao seu encontro, com um enigmático sorriso no rosto, a boca com resquícios de arroz, o denunciava. Parecia uma criança fazendo travessura.
Quantas saudades, Padre Gilberto. Que Deus o tenha em bom lugar! Um excelente Padre de nossa paróquia, que se encontra junto ao Pai. Somente ela para proporcionar esses encontros memoráveis. Quando a vejo, lembro desses dizeres: ” Florença onde Deus te plantou”. Ela floresce a cada ano em nossos corações. Que exemplo de vida! Próxima de completar 103 anos, Dona Chiquinha se mantém ativa realizando seus afazeres domésticos e as atividades físicas, a palavra “sedentarismo”, não existe para ela. Um exemplo de vida. Que Deus continue a abençoando grandemente! Parabéns aos seus 103 anos!