Antônio Gordo

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: vana Cristina
Colaboração: Alizete Andrade e Gabriel Andrade
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Seu nome era Antônio Bernardo de Andrade, mas em Epitaciolandia todos o conheciam por Antônio Gordo.
Antônio Gordo nasceu em Garanhuns , Pernambuco , no dia 29 de junho de 1944. Filho de Maria Sulina de Andrade e Bernardo Bezerra de Andrade. Antônio Gordo chegou ao Acre na década de 70. Quando o Acre passava pelo processo migratório dos sulistas e nortistas. Uma campanha defendida pelo Governador na época, Wanderley Dantas. Que tinha como lema “Vem para o Acre investir e exportar para o Pacífico”. Uma realidade que até hoje não foi concretizada de forma integral.
Antônio Gordo era pai de três filhos e os deixou para conquistar a tão sonhada terra de fartura, sem a seca. Mas a natureza adversa, frustou suas expectativas.
Nesse processo de transformação, quem chegava aqui era chamado de “arigó”.
Antônio Gordo veio para o Acre de avião com sua esposa, Luzia Maria de Andrade e foram morar nas terras de Xapuri. Tinham 05 filhos(Marcos André, Mauro César, Marinaldo, Andreia e Sandreia). E por muitos anos foram criadores de animais: cavalos, cabritos, ovelhas e vacas leiteiras. Vendia leite e fazia o melhor requeijão da região. Ele era apaixonado pela atividade que desenvolvia.
Na década de 80, veio explorar mais terras em direção a Brasiléia e ficou trabalhando na antiga Variante, Km 15. Nesse período, separou-se de Luzia e passou a viver a vida de momentos. Frutos desses relacionamentos nasceram dois filhos(Airton, filho de Maria e Fábio, filho de Dulce).
Em 1986, na antiga Vila Epitácio, resolveu deixar a vida no campo e foi trabalhar no Mercado Municipal com a venda de cereais e do famoso charque. Nessa época conheceu a senhora Francisca Nascimento, juntos tiveram seis filhos(Adriana, in-memorian, Auricelio, Alizete, Aliane, Alciclei e Gabriel).
Assim que casou com Francisca, com quem viveu por 26 anos, foram morar na Zona Rural, Ramal da Estrada Fontenele de Castro, ficaram nessa localidade por 19 anos. Com os filhos crescendo e precisando ir à escola, mudaram-se para uma chácara próxima a Vila Militar em Epitaciolandia. Apesar de ambos terem pouca escolaridade, sempre priorizaram a formação acadêmica dos filhos. Antônio Gordo era muito criativo, fez um pequeno haras de cavalos de raças na chácara. Utilizava uma charrete para transportar os melhores capins para os animais. Era comum encontrar Seu Antônio Gordo em sua charrete com muitos feixes de capins verdinhos para os animais. Essa é a lembrança que eu tenho dele, “em sua charrete, cumprimentando à todos, com um sorriso no rosto”.
A sua paixão pelos cavalos era tanta que quando tinha as tradicionais corridas de cavalo, no aeroporto de Epitaciolandia, ele dedicava meses nos treinos dos animais, banhos, escovações e alimentação balanceada.
Antônio Gordo, era um homem muito trabalhador, católico, devoto de São Sebastião, dono de um sorriso largo, contador de fantásticas histórias e admirável! Um Senhor forte, acolhedor, corajoso, ousado, humilde, que viveu a vida sem luxo, mas muito grato a Deus por tudo. Sua mesa era farta, a casa estava sempre cheia de parentes e amigos. Tinha uma enorme saudade da “buchada” preparada por sua avó. Recordava da fava e da palma do sertão nordestino e sempre cantava os famosos baiões de composição de Luiz Gonzaga. Quem é nordestino e já provou de uma “buchada” bem preparada, sabe do que eu estou falando.
Participou ativamente da emancipação do Município de Epitaciolandia, acompanhando seu amigo Luizinho Hassem.
No dia 05 de fevereiro de 2024, Antônio Gordo nos deixou, pai de 16 filhos, 20 netos e 4 bisnetos. Um homem empreendedor, um amigo inesquecível, um exímio conhecedor de cálculos matemáticos e um ilustre morador de Epitaciolandia.
Ao relatar essa história, viajei no tempo, nas imagens e vídeos publicados por sua filha Alizete Andrade, mesmo com o coração enlutado, relatou essa linda história de seu amado pai.
Aos familiares e amigos do Antônio Gordo, meu carinho, admiração e respeito.