colunista: Ivana Cristina
Ícones de Brasileia e Epitaciolândia
Eu era uma criança cheia de sonhos e inseguranças, quando subi pela primeira vez os degraus da Escola Brasil Bolívia na antiga Vila Epitácio. A década era de 70. Minha cartilha era “Davi, meu amiguinho”! O uniforme era muito diferente do atual. Kichute, meias brancas(lavadas com anil)até o joelho, saia muito abaixo do joelho (e, pasmem, quantas vezes eu vi a Diretora desfazendo o “embanhado” das saias das meninas, que insistiam em encurtar). A saia era de tergal azul, a blusa de tergal branca, tinha escrito EP em um bolso, nunca usado. A minha mochila era um saco de sandálias havaianas, o caderno sem espiral e o lápis (que eu insistia em morder a ponta) era amarelo e quebradiço. Uma vez perdi a borracha, minha mãe comprou outra, fez um furo no meio e amarrou com uma linha zebra no lápis!(Inventa de perder! Dizia ela). Quando perdia, como medo de levar uma surra, corria na biblioteca da Escola e pedia a Duzinha, uma nova borracha, lápis ou um caderno. Levava um “carão” da Duzinha, por pedir tanto. A minha Professora era a Francisca Pombo, a Chica Pombo, uma mulher linda e muito compreensiva. Havia poucas meninas na sala de aula e minha melhor amiga era a Juanita. Uma menina que veio do Seringal da Bolívia e falava com sotaque espanhol, achava encantador. Quando fui estudar a 3° série, deu um temporal à noite e a estrutura da escola caiu. A reforma levou meses e sem escolas na redondeza, tivemos que estudar no prédio da Escola Kairala(hoje, Escola Getúlio Vargas)em Brasileia. Um ônibus caindo aos pedaços, vinha buscar a meninada e os funcionários em frente a escola. Era uma festa passear de ônibus até a balsa. Lá saíamos do ônibus e corríamos para a balsa, na travessia, os professores e funcionários ficavam atentos para que nenhum de nós, fizéssemos estripulias. Foram seis meses nesse vai e vem. A Escola Brasil Bolívia foi reformada e voltamos a labuta diária. Recordo com saudades da merenda: mingau de sagu, macarrão com sardinha, “jabá” no feijão com arroz, jardineira e do arroz doce. Comi tanto arroz doce(pois, voltava para repetir várias vezes), que hoje, não consigo mais comer. Na época das mangas, corríamos para baixo das mangueiras que ainda existem perto da escola(se você não sabe, caro leitor, o pátio da escola era ao lado das mangueiras, e a rua passava majestosamente entre as mangueiras, engoliram o pátio e o pátio transformou-se em rua).Lembro das brincadeiras no pátio: pula macaca, totó, pula corda, brincar de roda, pula elástico, jogar limão na parede e brincar(de ordem, seu lugar, sem rir…) A Duzinha batia dois ferros e o recreio acabava! A gente voltava para a sala suado, o cheiro era de “galinha molhada” como dizia nossa professora! Uma vez, um surto de piolhos tomou conta da turma! A professora veio preparada com um pente fino e um pano branco. Ninguém escapou nesse dia! Mas, medo eu sentia no dia da tabuada, a palmatória, batia na nossa mão sem dó. Pior é que ainda tinha o “noves fora”, até hoje, não sei para que serviu na minha vida, mas na época, quem não sabia o “noves fora”, estava encrencado. Mas, terror, sentíamos no dia da vacina. Os colegas tentavam fugir pela janela, aos gritos, a professora ficava na porta, para ninguém passar, era uma gritaria em toda a escola! Difícil esquecer a cena. Na 4° série fui estudar com a Cristina, uma menina linda e inteligente, parecia a Iracema da história de José de Alencar! Nossa professora era a Inês Vieira, uma mulher sábia, que sabia impor sua autoridade. A Diretora era a Neneca Brandão, uma mulher elegante, que conduzia a escola com mãos de ferro. O tempo passou! Hoje, olho para a escola com carinho e saudades. O município cresceu, a população aumentou e o velho Brasil Bolívia necessita de um espaço maior, a escola ficou “espremida” entre ruas movimentadas (difícil estudar com o intenso barulho), casas, comércios, ruas… A Escola Brasil Bolívia tem história, fundada