Antônio Sabino

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Maria e Heloísa
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Antônio Sabino Marques nasceu no Ceará no dia 24 de maio de 1924 , como a maioria dos nordestinos, veio para o Acre em um grande navio a vapor, atraído pelo “ouro negro”. O ciclo da borracha vivia seu apogeu e precisava de muitos trabalhadores para a extração do látex. O ano era 1944, ele era rapaz quando veio para o Acre com um amigo, Zé Neto. A viagem era longa e exaustiva. Seu amigo Zé Neto, viajou com a roupa do corpo, como diziam na época. Antônio Sabino lavava a roupa do Zé Neto e colocava para enxugar. Zé Neto esperava nu, no porão do navio, as suas “vestes” enxugar. Tempos difíceis! Ao desembarcarem no Acre, os dois amigos tomaram rumos diferentes na vida.
Antônio Sabino foi trabalhar no Seringal, cortando seringa! A malária castigava os “brabos”, levando muitos a óbito, as onças faziam “tocaia” para devorar os mais distraídos, o patrão ficava com a maioria do lucro e o seringueiro já “entrava” devendo. Após trabalhar muitos anos, mudou de ramo e trabalhou como “marreteiro”, vendendo mercadorias para os ribeirinhos, em uma canoa estreita, passava dias percorrendo a beira do rio e comercializando seus produtos. Antônio Sabino sempre foi um homem trabalhador. Casou-se três vezes, teve filhos e netos. Quando veio morar na Vila Epitácio, construiu uma hospedaria. A Hospedaria do Antônio Sabino, conhecida por todos os marreteiros que vinham por essas bandas. Antônio era um senhor de idade, quando conheceu Heloísa. Ela era uma cozinheira de mão cheia e foi trabalhar para “Seu” Antônio na pensão da hospedaria. Logo depois de uma amizade, nasceu o amor. Casaram-se, tiveram filhos e foram morar em uma casa, que tinha uma enorme mangueira na frente. O lugar em que moravam era onde funcionava o Cantina Goiana. Lembro quando criança, minha mãe ia visitar sua amiga Heloísa (Lóia), brincávamos na rua. Quando a meninada se juntava era brincadeira de roda, castelos de areia e pira. Havia poucos carros na pequena Vila Epitácio, não tinha perigo em brincar na rua. O medo que nós tínhamos era de assombração e do Xaxá de Anum.
Seu Antônio Sabino e Lóia criaram seus filhos na pequena Vila. Ele, já um senhor de idade, adoeceu e faleceu no dia 12 de abril de 1995. Ficando Lóia e seus filhos sem a presença dele.
Seu Antônio Sabino, muito conhecido do pessoal antigo de Epitaciolandia, era um homem trabalhador, honesto que soube ser empreendedor, apesar das dificuldades da época. Tinha uma visão empreendedora, onde as pessoas viam problema, ele enxergava solução para os negócios.
Mas seu legado jamais será esquecido por seus filhos, netos, bisnetos e por seu grande amor, Heloísa!
Caro leitor, conheci seu Antônio Sabino na infância! No mês de maio, sonhei com ele, pedindo que eu escrevesse sua história! E dizendo que sua esposa Heloísa tinha fotografia dele. Entrei em contato com a família e estamos registrando a história desse homem incrível, que contribuiu como comerciante e cidadão da antiga Vila Epitácio! Ele tinha muito orgulho de ser reconhecido como Soldado da Borracha. Antônio Sabino era avó do Senhor Sérgio Gadelha, um homem bastante conceituado em Epitaciolandia e Brasiléia! Aos familiares de Antônio Sabino, meu carinho e respeito.