Manoel Mucura

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
Compartilhe

colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Márcia Lima de Souza Silva, atual Presidente do SINTEAC de Epitaciolandia
Ícones de Brasileia/Epitaciolândia

Manoel Pereira de Araújo era seu nome, mas todos o conheciam por Manoel Mucura. Manoel nasceu em 13 de dezembro de 1936, era uma figura conhecida pelos moradores de Epitaciolandia, antiga Vila Epitácio. Eu era criança, recordo com saudades da Avenida Santos Dumont, não tinha asfalto, nem barro, era de areia fininha, parecia uma pequena duna, a gente pisava e os pés afundava na areia fofa e quentinha. Lembro das brincadeiras de rua, do olhar curioso das crianças, quando Manoel Mucura passava, tentando peladar, com sua Monark vermelha anos 80, pela Avenida Santos Dumont. A corrente da bicicleta fazia um barulho engraçado e ele pedalava com força, mas a corrente sempre saia do lugar, com as mãos cheias de graxa, ele a colocava de volta! Quantas vezes nós empurramos a bicicleta, para dar aquela força ao Manoel Mucura. Ele apenas sorria ou balançava a cabeça em agradecimento! Manoel Mucura gostava bastante de ovos, mas não criava galinhas. Daí o apelido “Manoel Mucura”. Com o tempo, comprou uma carroça de boi, que fazia frete pela vizinhança, geralmente fazendo mudanças. Toda vez que a carroça passava na rua, eu, a Francisca Oliveira e as outras crianças corríamos atrás e ficávamos “penduradas”. Ele tinha um “réia boi” afiado. Dava “estalos no ar” para que a meninada largasse a carroça e “cutucava” os animais e esses saiam em disparada.
Manoel Mucura colocou uma buzina manual na carroça e foi motivo de muita gargalhada. Todos pediam para ele apertar a buzina, principalmente a Francisca Oliveira.
Com o tempo e cansado de tantos pedidos, começou a gritar: um aperto na buzina, vale um ovo! Como a criação de galinhas caipiras era abundante na década de 80 (não tinha cerca nos quintais, as “penosas” andavam livremente pela rua, muitas vezes morriam atropeladas)ele sempre ganhava os ovos.
Manuel Mucura era um antigo morador da Rua Nova, próximo a Escola Brasil Bolívia. A Rua Nova, depois, passou a se chamar Rua São Raimundo, em homenagem ao Senhor Raimundo Lira, um excelente tocador. Ele e seu filho Dinez, eram muito requisitados para tocar nas festas de “Vinte de Janeiro” na antiga Vila Epitácio.
A Rua São Raimundo era um antigo campo que tinha vários cajueiros. Ao sair da escola, a meninada corria pelo campo colhendo e comendo os cajus maduros, quentes e suculentos, principalmente no mês de setembro, eu era uma dessas crianças. Minha mãe, Antônia Odete, só descobriu porque a minha farda branca de tergal ficou machada de nódoa de caju. Ah! Surra boa que eu levei!
Manoel Mucura faleceu em 23 de fevereiro de 2003, um homem simples que deixou boas lembranças na infância de muitos moradores da Vila Epitácio. Minha homenagem aos familiares do Senhor Manoel.

Ivana Cristina
Colaboração: Márcia Lima de Souza Silva, atual Presidente do SINTEAC de Epitaciolandia
Ícones de Brasileia/Epitaciolândia