Carlos Egon, o Patriarca da Família Petter

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
Compartilhe

colunista: Ivana Cristina
Colaboradores: Geni, Mauri e Claudete Petter.
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Carlos Egon Petter nasceu em 30 de setembro de 1932, em Concórdia, Santa Catarina. Seus pais, eram filhos de alemães, teve sua infância e juventude marcadas pelas lutas diárias e superação. Despertou cedo o amor à terra.
Mas, foi na juventude que a busca pelo conhecimento sobre produção agrícola se intensificou. A vida moldou aquela criança no homem que se tornou. Casou-se muito jovem com Cristina Zisch, descendente de poloneses. Carlos Egon trabalhou muito para sustentar sua família, principalmente na construção de cercado de pedra chamado “taipas”, trabalho que exigia muita força física. Procurando melhorias e com 7 filhos pequenos, mudaram-se para o Paraná. A vida não foi fácil no Paraná, mas com trabalho de “derrubada” na Fazenda do Senhor Sérgio Meneghetti, conseguiu 5 alqueires de terra, realizando o sonho de ter um lugar só seu. Seu trabalho antigo trouxe consequências futuras, Carlos adquiriu sérios problemas de saúde. Mas, isso não impediu o jovem casal de ter mais 4 filhos, totalizando 11: Marli, Valdir, Geni, Mauri, Laura, Clair, Claudete, Aldair, Lurdes, Sérgio e Erci. Mais uma vez para tentar melhorar de vida, após 9 anos no Paraná, mudaram-se para Mato Grosso do Sul, comprando 13 alqueires de terra.
Certo dia recebeu a visita do seu velho amigo de infância Nelson Kirsten, onde falava das maravilhas do novo estado do Brasil, onde as terras eram muito produtivas e baratas, chamado de ACRE. Maravilhados com as convincentes palavras de seu amigo, Carlos juntamente com sua esposa pegou a estrada rumo ao Acre. Chegaram à Brasileia, BR 317, no km 37, rumo a Assis Brasil e compraram 120 hectares de terra.
O sonho de se dedicar integralmente à pecuária, finalmente tinha se concretizado. O ano era 1984.
Mas, a vida não foi fácil no início. A BR 317 era de chão batido, para chegar a cidade de Brasiléia ia de caminhão “pau de arara” para comprar alimentos e insumos. Mesmo assim convenceu seus 4 filhos já casados e com família estabelecida no sul para migrarem para a zona rural de Brasileia.
Carlos Egon não tinha formação acadêmica, mas era hábil nos negócios, principalmente em cálculos matemáticos. Era um autodidata (desenvolvia excelente trabalho em carpintaria e tocava instrumentos musicais).
Sua família sempre foi unida e
todos se ajudavam. Seus 11 filhos sabiam cada tarefa que tinham que cumprir. E durante o dia, apesar do cansaço do trabalho, sempre tinha um tempo para conversar com a esposa e os filhos, traçando metas, objetivos ou simplesmente relatando a “labuta diária”. Esse diálogo foi essencial na criação dos filhos e nos caminhos que os mesmos traçaram na vida adulta.
Carlos Egon Petter impunha respeito somente com sua presença e os filhos o obedeciam. Sabia ser carinhoso e severo, dependendo da atitude de cada um.
Com o passar dos anos, mudaram para o Km 13. A área era mais ampla, com novos desafios e novas conquistas. Mas, apesar de tanto trabalho, a maior parte da renda era gasta com tratamentos médicos ineficazes, deixando a família em uma situação financeira ruim. Carlos Egon tinha uma doença no esôfago, que se manifestou quando tinha 23 anos de idade, a mesma doença lhe ceifou à vida aos 64 anos de idade.
Sua esposa Cristina, cuidava dos afazeres domésticos, da criação dos filhos e das plantações. Tinha uma grande paixão: cultivar plantas e hortaliças. Sua horta, dava “gosto de se ver”, produzia tudo que consumia frutas, verduras, legumes e criava pequenos animais. Cristina era uma mulher forte, trabalhadeira e respeitável. Sonhava um futuro melhor para seus filhos.
Seus olhos se enchiam de alegria nas comemorações de aniversários. Reuniam os vizinhos, preparavam o melhor churrasco, usando bombacha, cuia de chimarrão na mão, tocavam sanfona, a alegria e o saudosismo da terra natal enchia aquele espaço e a noite de lua embalava a família Petter.
O ano de 1995, ficou marcado no coração de todos da família, entristeceram quando Sérgio, ao participar de uma derrubada, no km 13, faltando apenas uma “pontinha” de mata para concluir o serviço e tendo parado para descansar debaixo de uma árvore, um pedaço de galho se desprendeu e caiu sobre sua cabeça. Um grave acidente que mudaria o rumo de sua vida. Sérgio ficou paraplégico e lutou muito pela recuperação de sua saúde. Foram dias, meses, anos, fazendo tratamento médico.
Sérgio foi um guerreiro, apesar de todas as adversidades voltou a sorrir, a conviver com seus familiares e não abandonou suas raízes, apesar de suas limitações, continuou a trabalhar na pecuária perseguindo os sonhos de melhorias na vida e nos negócios. Sérgio surpreendeu a todos, montando uma loja de produtos agropecuários.
Carlos Egon não pode acompanhar a recuperação de seu filho, nem os avanços e desafios que ele teve para superar. Enquanto todos estavam apreensivos, com Sérgio em coma na UTI de um hospital, Carlos Egon faleceu repentinamente, devido a enfermidade que lutava desde Santa Catarina, em 15 de outubro de 1995, deixando filhos, netos, noras, genros e esposa enlutados com sua breve passagem.
Um grande homem tinha partido!
Um homem altruísta que nunca esqueceu suas raízes, seus valores!
Um homem sempre antenado com as informações. Gostava e sabia ser oposição. Tinha uma visão ampla sobre política e um grande defensor do Partido dos Trabalhadores. Carlos Egon Petter deixou um grande legado, que tudo se constrói com muito amor, trabalho e dedicação.
Que o diálogo é essencial na criação dos filhos.
Que a fé, respeito ao próximo e a união fortalecem os laços familiares.
Lições que Carlos Egon Petter deixou para cada um de nós.
O jovem Sérgio Petter apesar de todos os tratamentos médicos, faleceu aos 34 anos de idade, em 2007, com problemas renais em decorrência do acidente.
Dona Cristina e família, apesar do luto, continuou. Cercada por filhos, netos, bisnetos, noras e genros, morando na cidade de Brasiléia, perto de sua filha Geni, criava galinhas, cuidava de sua horta, do jardim e de seu pequeno pomar, renovando sua força diária, naquelas simples tarefas. Tomava seu chimarrão e conversava com seus amigos e vizinhos. Uma mulher ativa, que sonhava em retornar para Santa Catarina, um sonho não realizado. Dona Cristina faleceu em 05 de junho de 2017, aos 79 anos, de ataque cardíaco.
Uma tristeza profunda abateu sobre a família Petter. A matriarca tinha partido, deixando um imenso vazio no coração dos que a conhecia e admirava. Passando o legado familiar aos filhos para continuar as gerações prósperas da Família Petter.
E hoje, seus 10 filhos, 31 netos e 25 bisnetos, participam da primeira festa da Saga da Família Petter. Um legado que será repassado de geração a geração.
À Família Petter, minha admiração, respeito e agradecimento a sua valiosa contribuição ao desenvolvimento econômico, cultural e social de Brasileia e região.

Ivana Cristina
Colaboradores: Geni, Mauri e Claudete Petter.
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia