colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Luzia Queiroz, Zeli Correa, Lourdes Saturnino, Acendina Pessoa e Gislene Salvatierra
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia
João Alexandre da Silva e Sebastiana Ribeiro da Silva eram católicos e bastante influentes na comunidade em que residiam. Devotos de São Francisco realizavam o terço, em sua residência, na BR 317, Km 05(no local, hoje, reside o Zé Feitosa e a Professora Morena), com alguns familiares e vizinhos, no final da década de 60.
Com o passar do tempo, mais devotos de São Francisco se juntaram e fortaleceram a fé! Dona Sebastiana e Seu João estavam à frente das comemorações. Sua residência ficava cheia de gente, no novenário. Doavam galinhas vivas e Dona Sebastiana abatia e preparava as galinhas para o arraial. O cheiro de bolos e pudins preparados na cozinha de Dona Sebastiana atraiam quem passava na BR 317. A residência de Seu João Alexandre e Dona Sebastiana ficava pequena para tantos devotos e a cada ano aumentava mais. As doações de bolos, pudins, galinhas, patos, porcos, carneiros e garrotes se intensificam cada vez mais, com o tempo passaram a chamar na região, São Francisco, de Padroeiro dos Colonos. Dona Sebastiana ganhou na década de 80, uma imagem de São Francisco, vinda de São Paulo, a mesma imagem que é utilizada na procissão dia 04 de outubro, com saída da Igreja Matriz até o Santuário de São Francisco na BR 317, Km 04, pontualmente às 16 horas.
A comunidade de São Francisco percebeu que precisava de um espaço maior e planejaram comprar uma área de terra para construir uma igreja. A família do Senhor João Alexandre e Dona Sebastiana, Seu Pacheco, Walter Pé de Anta, Seu Juca, Ruy Cordeiro e outros devotos, idealizaram o projeto e começaram a executar. Havia uma área de terra à venda do Senhor José Caxecha, próxima da residência do Senhor João Alexandre e de Dona Sebastiana, o recurso que a comunidade tinha não era suficiente e precisavam arrecadar mais para a compra das terras. Além do tradicional bingo, venda de comidas e doações, realizaram o Concurso de Rainha do Arraial! A candidata que conseguisse vender mais bilhetes, era coroada vencedora. Na maioria das vezes, existiam duas concorrentes, a representante da cidade e a representante dos colonos. Luzia Queiroz , filha do Seu João Alexandre e de Dona Sebastiana, foi uma das candidatas, representando os colonos. Naquele ano, Luzia Queiroz foi coroada Rainha do Arraial, com um valor expressivo pela venda de votos.
A compra da área de terra foi concluída e começou o projeto de construção.
No início não foi fácil, existia muita casa de formiga tucandeira no terreno, a água era de uma fonte distante, trazida em baldes, os materiais como tijolos, barro e areia foram transportados em uma carroça de boi. O Padre Expedito, João Alexandre e muitos devotos iniciaram a construção da igreja. Um trabalho manual que exigiu muito esforço físico e dedicação. Quando estava quase concluindo a construção do Santuário, a comunidade recebeu a visita do Padre Hugo Polly para fazer a vistoria na obra. Padre Hugo Polly ficou indignado quando percebeu que a estrutura da igreja tinha formato de um caixão. Tentou desfazer o trabalho, mas foi impedido pelos devotos, que apesar do protesto continuaram a construção do Santuário de São Francisco e realizaram também a construção de um galpão de madeira para a realização do arraial. O galpão serviu como escola para a comunidade na década de 90.
A família de Dona Sebastiana se mudou para a cidade, mas a comunidade deu continuidade ao trabalho, como a Família Rigamonte, Seu Irineu, Dona Nora, Antônio do Carmo, Dona Morena e Famílias de Epitaciolandia.
Dona Sebastiana e Seu João Alexandre se foram, mas deixaram um legado para a população: “que com luta, fé, união e persistência constroem sonhos e tecem realizações”. Seus filhos, genros, noras, netos, parentes e amigos continuam a devoção a São Francisco, honrando o legado que eles deixaram.
Hoje, o novenário reúne milhares de fiéis, que participam da programação durante os 10 dias de comemoração das festividades no Santuário de São Francisco: Terço, Missa ministrada pelo Padre Robson Eudes e o Diácono Carlos Lourenço, venda de comidas, leilão e bingo.
João Alexandre e Dona Sebastiana, não tiveram a oportunidade de ver que da simplicidade de sua sala de madeira na zona rural, a luz de candeeiro, se transformaria na grandiosa e tradicional festa de São Francisco do nosso município.
Aos doadores, colaboradores e frequentadores que não medem esforços para que o novenário a São Francisco aconteça e se fortaleça a cada ano, minha gratidão.
Ao Senhor João Alexandre, Dona Sebastiana e família, os grandes precursores do novenário de São Francisco, meu especial agradecimento e de todos os devotos de São Francisco de Brasileia, Epitaciolandia e região.