colunista: Ivana Cristina
Colaboradores: Gaspar Paulino, Maria Santiago, Emília Viana e Leda Santiago
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia volume II
Francisco Pedro de Assis nasceu no Ceará no dia 15 de setembro de 1885. Filho de José Roque da Silva e de Anna Rosa da Silva. Chegou à Brasileia em 1922, atraído pelo ouro negro e fugindo da seca que assolava o Nordeste. Chegando à Brasiléia foi morar e trabalhar no Seringal Sacado, no corte da seringa. O proprietário do seringal era o Senhor Joaquim Camelo. No seringal enfrentou diversos desafios, chuvas intensas, animais peçonhentos e selvagens, “causos” de mitos da floresta, malária, isolamento, exploração do patrão, dentre outros. Mas, apesar dos problemas, com o passar do tempo e após muito trabalho, Francisco Pedro de Assis, mais conhecido como Chico Pedro, arrendou a Colocação Oriente(um local bonito onde o pôr do sol era encantador). Sua principal atividade era o corte da seringa. Mas também cultivava cana de açúcar. Na época da “moagem” era uma festa, vinham os meeiros com suas famílias, organizavam os “adjuntos” e a moagem começava. O “açúcar moreno” era o destaque da produção, além disso fabricavam mel, “alfinhim” e rapadura. Todos os produtos eram para consumo próprio e, muitas vezes, os seringueiros “fiavam” o açúcar moreno. As “moagens” eram realizadas nos meses de junho a agosto, período da friagem. Naquela época, o frio era tão intenso que durava até 15 dias, sem ver a luz do sol, apenas o vento e a garoa fininha.
A casa de Chico Pedro era ponto de parada para outros seringais. As pessoas pediam “pouso” por uma noite e eram recebidas com um sorriso caloroso, café quente, comida e uma rede para dormir. Na hora do almoço as panelas eram imensas, com variedades de comidas. Chico Pedro era “barriga cheia” com muita fartura na mesa. Mas, não gostava de pessoas preguiçosas, criou seus filhos no trabalho, cada um tinha sua obrigação definida e vistoriada pelo pai. Ninguém ousava discutir suas ordens.
Seus filhos: Alonso(faleceu bebê), Marina Viana de Araújo, Isaltina Siqueira, José Peixoto, mas conhecido como Deca, Hermínio Peixoto, Francisco Peixoto de Assis, mais conhecido como Chico Assis, Antônio Peixoto de Assis, Severino Peixoto de Assis e Severina Peixoto de Assis, mais conhecida como Bebé, juntamente com sua esposa Emília, formavam uma família com muito trabalho, dedicação e união. A união familiar transformou o Senhor Chico Pedro no maior comerciante de pele de borracha daquela época. Além disso, Chico Pedro aviava, para os nordestinos recém-chegados, farinha, açúcar moreno, feijão, banha, tecidos, armamento e munição, tudo para receber no final do ano com a produção da pele de borracha.
Chico Pedro foi pioneiro na criação de gado, porcos e galinhas, plantação e comercialização de café, cana de açúcar e milho. Foi um dos primeiros arrendatários a possuir um rádio e obter informações sobre o preço correto da borracha. Isso incomodava os seringalistas, que ameaçaram tomar seu rádio à força. Chico Pedro ao ficar sabendo, mandou avisar que iria recebê-los à bala. Os seringalistas não tiveram coragem de cumprir a ameaça.
Após 10 anos trabalhando no Seringal, retornou a sua terra para visitar os familiares vivos, onde causou espanto, pois era o primeiro arigó que voltava a sua terra como vencedor, podendo ajudar financeiramente seus familiares. Chico Pedro foi um homem marcante, que trouxe grandes avanços para nossa região. Em 1965, ele nos deixou, mas seu legado continua vivo através da grande família Assis, que está na geração de tataranetos. Uma família tradicional, muito respeitada e conhecida na nossa região. A história de Chico Pedro foi repassada de geração a geração e agora se perpetua no Livro Ícones de Brasileia e Epitaciolandia. Aos descendentes do Senhor Chico Pedro, meu respeito, admiração e carinho.