Reportagem: Helizardo Guerra
Nos últimos anos, a região do Alto Acre tem registrado um cenário cada vez mais preocupante: o aumento da população em situação de rua e dos casos relacionados a transtornos mentais. Em municípios como Brasiléia, Epitaciolândia, Assis Brasil e Xapuri, moradores relatam mudanças aceleradas no espaço urbano, com mais famílias desabrigadas e indivíduos vivendo sem qualquer tipo de assistência.
Embora não haja levantamentos oficiais consolidados, dados parciais das secretarias municipais e relatos de profissionais de saúde apontam para uma tendência crescente. A falta de políticas públicas integradas, aliada ao desemprego, ao uso abusivo de drogas e à carência de atendimento especializado em saúde mental, tem levado muitas pessoas à vulnerabilidade extrema.
Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que a região não dispõe de estruturas adequadas para acolhimento. A ausência de centros de referência em saúde mental e de casas de passagem agrava ainda mais a situação. Em muitos casos, as famílias não conseguem oferecer suporte e recorrem à rede pública, que já não tem capacidade de absorver a demanda.
Nas ruas das cidades do Alto Acre, os efeitos são visíveis: praças, áreas comerciais e até acessos a prédios públicos passaram a ser ocupados por pessoas que, além de enfrentarem fome e falta de abrigo, convivem diariamente com o estigma social. Assistentes sociais alertam que a situação exige medidas urgentes do poder público para garantir dignidade e evitar que o quadro se torne irreversível.
O crescimento da população em situação de rua e dos transtornos mentais na região expõe não apenas falhas estruturais nos serviços de saúde e assistência social, mas também a ausência de políticas articuladas entre municípios, Estado e União. Sem uma ação conjunta e efetiva, o Alto Acre pode enfrentar um agravamento ainda maior de um problema que já desafia a sociedade e coloca em xeque o direito básico à cidadania.