COLUNISTA: Ivana Cristina Colaboração: Nazaré Pantoja Ícones de Brasileia e Epitaciolandia
Brasiléia já teve uma “moça” na janela, Alzirinha! Ela colocava um arranjo nos cabelos, se arrumava e ia “espiar” a rua Major Salinas! De lá, ela via a movimentação, o entra e saí de fregueses na Padaria do Epaminondas, o vai e vem do pessoal que atravessava no porto da Catraia. A catraia era comandada pelo “cabeção”, um Senhor impaciente que não permitia que sua freguesia atravessasse de Epitaciolandia para Brasiléia sem pagar. Ah, quando algum aluno da Escola Kairala ou IOP ousava sair sem pagar, ele largava os remos e corria atrás, às vezes, faziam isso por peraltice, só para irritá-lo. Cabeção foi uma “figura” muito conhecida pela falta de humor, mas remava uma “catraia” de forma tão suave, que parecia que ela deslizava nas águas barrentas do Rio Acre. Ela observava também os fregueses a ir ao consultório do “Dentista” Valdemir Lopes, esse era famoso, tinha uma clientela fiel, foi até prefeito de Brasileia. De lá da “janela”, Alzirinha sabia de todas as informações e repassava aos que a ela interessavam, a famosa rádio cipó, sem a tecnologia que temos hoje, esse era o único meio de informação de cunho “pessoal”. Alzirinha viu o progresso gradativamente chegando! A balsa que fazia a travessia dos carros! A inauguração da primeira ponte que ligou Epitaciolandia a Brasiléia. A extinção do Porto da Catraia, até a Rua Major Salinas, que outrora havia um movimento constante, foi se extinguindo pouco a pouco, o burburinho do passado já não existia mais. O vai e vem foi acalmando… E nem a Alzirinha resistiu a tantas mudanças. Ela se foi, mas ficou guardada na memória de muitas pessoas, principalmente das crianças que gostavam de “subtrair” jambos suculentos da Alzirinha, enquanto ela estava distraída vendendo sacolé e de seu passatempo preferido: observar a vida da janela. E quando só observamos a vida e não vivemos, como ela passa rápido!