colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Luiz Hassem
Ícones de Brasileia e Epitaciolândia Descansa em paz, guerreira!
Ela nasceu em Xapuri, mudou-se para Vila Epitácio, em 1957, com seu esposo. Aqui criou laços e raízes. Maria de Nazaré Brandão Hassem era viúva de José Hassem Hall Filho, homem de negócios e político, faleceu cedo, deixando-a na missão de criar seus sete filhos. Guerreira, trabalhou arduamente para que seus filhos tivessem uma vida melhor. Dona Nazinha, como era conhecida, exerceu a função de parteira, por muitos anos e de forma gratuita. Atendia as mulheres durante o dia ou de madrugada. Era só chamar, que ela chegava com seus equipamentos: álcool, gazes, tesoura, bacia e bastante “panos”. Realizou muitos partos na Vila Epitácio (Epitaciolandia). Médico era uma raridade e quando aparecia era do Projeto Rondon. Não havia método contraceptivos conhecidos, fator que elevava o número de filhos por família. Na época, as mulheres só contavam com ajuda das parteiras. A parteira era chamada de “mãe de umbigo”, e tomar a bênção era mais que obrigação. Dona Nazinha é minha mãe de umbigo. Para mim é e sempre será “Mãe Nazinha”. Muito prestativa ajudou muita gente, inclusive a minha mãe. Ela e seu filho Luizinho Hassem comercializavam castanhas. Compravam nos seringais e os comboieiros traziam no lombo de animais as sacas de castanhas. Eram vendidas para os grandes “marreteiros”. Além de comercializar castanhas, era professora na Escola Brasil Bolívia e Coordenou, por muitos anos, a LBA(Legião Brasileira de Assistência), oferecendo cursos para as mulheres de baixa ou nenhuma renda de: bordado, tricô, crochê, corte e costura, manicure, pedicure, além de ministrar palestras sobre higiene e saúde da mulher. Na época de Natal, ela distribuía bonecas e carrinhos para as crianças(eu, era uma delas), formavam longas filas para recebimento dos brinquedos, que ela fazia “questão” de entregar pessoalmente para cada uma. Dona Nazinha era referência em Epitaciolandia, as pessoas a procuravam para conversar, pernoitar em sua casa(principalmente os moradores da zona rural)solicitar conselhos, fazer uma oração ou para auxiliar com alguma informação, ela era uma boa ouvinte, sempre disposta a ajudar. Sua casa sempre esteve cheia de gente, na hora do almoço, sempre cabia um prato a mais. “Mesa farta, coração cheio”, dizia ela. Mãe Nazinha era evangélica, frequentadora assídua dos cultos e círculo de oração. Seu esposo José Hassem Hall Filho, foi Vereador e Prefeito de Brasileia, tinha no sangue o DNA político, daí a família ter herdado essa veia política e o dom da oratória. A família Hassem com outras pessoas, lutaram bravamente pela emancipação do município de Epitaciolandia. Luiz Hassem foi um dos principais incentivadores do movimento. Um sonho acalentado por muitos moradores da antiga Vila Epitácio, hoje, Epitaciolandia. A Matriarca da Família Hassem se foi, deixando um vazio no coração de familiares e amigos, mas até hoje é uma referência para muitas mulheres, exemplo de fé, persistência e resiliência.