COLUNISTA: Ivana Cristina Colaboração: Sérgio Tuma Ícones de Brasileia/Epitaciolândia
Leonardo Camurça Cruz de Araújo ou simplesmente Camurça, como era conhecido, nasceu em Rio Branco, dia 01 de fevereiro de 1945. Filho de Juracy Camurça e Firmo Camurça, eram 07 irmãos, que cresceram no bairro 06 de agosto, em Rio Branco. Camurça foi funcionário do DERACRE por muitos anos, trabalhou como topógrafo na abertura das estradas de Rio Branco e de Assis Brasil. Casou-se com Maria de Nazaré, juntos tiveram 03 filhos(Sérgio, Najla Daniele e Margareth). Camurça era um grande empreendedor. Aqui, tornou-se comerciante, aliás um dos grandes comerciantes de Brasileia. Foi proprietário de uma Peladeira de Arroz, depois de uma hospedaria. Mas, ele investiu seu tempo e recursos no comércio. Era o apogeu da rua da frente, o vai e vem de pessoas, brasileiros e bolivianos, tornava o investimento promissor. Camurça era um homem sisudo, altura mediana, barriga saliente, cabelos grisalhos, pele clara (chegava a ser vermelha). Tinha muitos amigos, era um homem de bom coração, prestativo, gostava de ajudar as pessoas, principalmente as mais necessitadas. Era um homem dedicado à família e aos negócios. Foi venerável mestre da Loja Maçônica Tereza Cristina n° 05 em Brasileia. Amâncio foi, por muitos anos, braço direito do Camurça, na hospedaria, hoje, no local, funciona o Brasiléia Palace Hotel. Amâncio era gerente e o homem de confiança do Camurça! Hospedavam “marreteiros”(vendedores de redes, tapetes e pequenos eletrodomésticos), imigrantes ou alguns turistas que vinham visitar “por essas bandas”. A hospedaria estava sempre cheia, o odor de fumaça de cigarro pairava no ar, no entra e sai de hóspedes. Foi um tempo de glória. Além da hospedaria, Camurça era sócio- proprietário da Casa Tuma & Camurça Ltda – Casa Flôr de Brasileia (hoje, ainda tem a estrutura do prédio ao lado do Panilanche). Recordo-me que ao passar em frente ao comércio, ouvia-se a caixa registradora fazendo um barulhinho, quando a alavanca era acionada. O comércio era bem “sortido” e cheio de fregueses. À tardezinha lá estavam: Camurça, Dr. Tuma, Alberto Castro, Mano Kairala, Mário Gaia, Epaminondas, Chico Silvestre, Licurgo Hassem e muitos outros. Se debatia quase tudo: os tempos áureos da borracha, política, economia e, às vezes, um jogo de dominó(afinal, ninguém é de ferro). Mas, o tempo carregou a esperança, roubou sonhos e levou à falência muitos empresários. A tecnologia vinha chegando gradativamente e Cobija tornou-se Área de Livre Comércio. Camurça, assim como os demais comerciantes, sentiu essa enorme e devastadora mudança. Um homem que viu o apogeu e a decadência do comércio da “rua da frente”. Um homem que não teve medo de ousar, de investir, de correr atrás de seus sonhos. Tornando-se um respeitável empresário. Deixou um grande legado para as futuras gerações e uma enorme contribuição à cidade de Brasileia. Camurça partiu em 19 de agosto de 2005, deixando familiares e amigos enlutados com sua breve partida. Ele foi um bom amigo, um ótimo esposo, um excelente pai, sogro e avô. Avô de 04 lindos netos: Victoria, Ana Gabriela, (Leonardo Abrahão e Aissa Lauren – in memorian). Em 2024, Camurça reencontrou seu velho e fiel escudeiro, o mototaxista Amâncio. Minha homenagem a esses dois ícones de Brasileia e Epitaciolandia. A família Camurça e aos familiares do Amâncio, meu respeito, admiração e carinho.