Comandante da Marinha se espanta com projeto de deputado petista para botar como mártir e herói da armada um revolucionário da ‘Revolta da Chibata’

Nacional
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fonte: terra brasil noticias

O almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, enviou uma carta à presidência da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados expressando sua oposição à inclusão do nome de João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Embora a homenagem ao marinheiro já tenha sido aprovada no Senado, agora está sendo debatida na Câmara. O projeto de lei em questão foi proposto pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), correligionário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou Olsen para liderar a Força Naval.

No ofício assinado na segunda-feira e enviado ao deputado federal Aliel Machado (PV-PR), o comandante argumenta que incluir Cândido ou “qualquer outro participante daquela deplorável página da história nacional” seria uma mensagem equivocada para os militares. Ele acredita que isso poderia sugerir que é aceitável “recorrer às armas que lhes foram confiadas para reivindicar suposto direito individual ou de classe”.

A carta assinada por Olsen destaca que os castigos físicos infligidos nos navios eram inaceitáveis e contrários aos preceitos morais da sociedade contemporânea. Além disso, os insurgentes foram posteriormente anistiados, mas o comandante enfatiza a diferença entre reconhecer um erro e glorificar um heroísmo infundado.

Olsen insta os deputados a rejeitarem a inclusão de Cândido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, argumentando que sua atuação na Revolta dos Marinheiros não se alinha aos valores de heroísmo e patriotismo. Para ele, a posição do líder no conflito representa um exemplo reprovável de conduta para o povo brasileiro.

Por fim, o comandante ressalta que enaltecer a subversão, a quebra de preceitos constitucionais e o uso excessivo de violência pelos militares contra civis brasileiros não contribui para o verdadeiro Estado Democrático de Direito. O documento está disponível no site oficial da Marinha e foi lido durante a sessão da Comissão de Cultura da Câmara nesta quarta-feira.

João Cândido Felisberto, também conhecido como “Almirante Negro”, foi um militar brasileiro da Marinha de Guerra do Brasil e o líder da Revolta da Chibata em 1910. Ele nasceu em 24 de junho de 1880, na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, atual estado do Rio Grande do Sul, no município de Encruzilhada do Sul. Filho de ex-escravos, João Cândido ingressou na Marinha aos quatorze anos e teve uma carreira extensa, viajando pelo Brasil e outros países durante os quinze anos em que esteve na ativa. A anistia a João Cândido só foi concedida em 2008, 39 anos após sua morte.

No entanto, é importante considerar que João Cândido também enfrentou críticas e controvérsias. Alguns argumentam que sua liderança na Revolta da Chibata foi um ato de insubordinação e desrespeito à hierarquia militar. Além disso, a revolta resultou em danos materiais e instabilidade na Marinha, prejudicando a disciplina e a eficiência operacional.

A forma como João Cândido conduziu a revolta pode ser vista como um desafio ao sistema estabelecido. Alguns acreditam que ele deveria ter buscado mudanças por meio de canais oficiais e não por meio de uma rebelião armada.

Em resumo, João Cândido é uma figura complexa, com aspectos positivos e negativos. Enquanto muitos o veem como um herói que lutou pelos direitos dos marinheiros, outros o criticam por suas táticas radicais e pela perturbação causada à ordem institucional.