colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Moacir Filgueiras dos Santos
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia Descansa em paz, Seu Bio Mariano
Severino Inglês era seu nome, mas de inglês ele não tinha nada. Conheci quando eu era criança, na Vila Epitácio (hoje, Epitaciolandia), as ruas eram de areia, a meninada pulava solta, brincando, principalmente no meio da rua, no final da tarde. De repente lá vinha ele, voltando para casa, no ramal da Fontenele, com a carroça carregada com algumas mercadorias. Era conhecido de todos, gostava de conversar e sempre estava com seu chapéu inseparável.
Mas, voltando a meninada, nós não perdíamos a oportunidade de subir na carroça do Bio Mariano e era tanta criança que às vezes, ele ficava sem saber o quê fazer, com receio de estragar sua mercadoria.
Uma bela tarde, quando ia retornando para sua casa, eu, a Francisca Oliveira e uns colegas subimos na carroça, faltou-lhe a paciência, “cutucou” os bois e estes saíram em disparada, nós ficamos muito assustados. Uns pularam na areia fofa, outros ficaram pendurados, eu e a Francisca Oliveira fomos até as mangueiras, próximo a Escola Brasil Bolívia. Era uma gritaria tão grande na rua, que algumas senhoras, que sentavam em frente a casa para “apreciar” a rua, ficaram olhando. Não sei como a conversa chegou aos ouvidos de minha mãe e da mãe da Francisca, mas naquela noite, fomos dormir com “os couros quentes” da “peia” que levamos.
Bio Mariano era um homem de fé, sempre assíduo nas missas aos domingos, pois o lado espiritual era prioridade para ele, era um dos primeiros a chegar na igreja. Quando era convidado para um evento no mesmo horário da missa, ele primeiro ia à igreja e sempre dizia: “Primeiro a devoção, depois a diversão”.
Seu Bio Mariano era um homem simples, alegre, capaz de fazer amizade fácil, homem de princípios e caráter ilibado, qualidades que ficaram como legado para os filhos, netos e bisnetos.
Hoje, recordo com saudades daquele tempo e do Seu Bio Mariano, um homem feliz, sempre ativo, era uma figura carimbada nas tardes no Centro dos Idosos em Epitaciolandia, dançava da primeira a última “parte”, chegando a ser aconselhado pelos demais idosos a não fazer tanto esforço físico. Logo ele que era acostumado na “lida” diária na zona rural e nos finais de semana ainda tinha tempo para organizar campeonato de futebol no campinho de sua colônia!
Quantas vezes cedeu a sala da sua casa, para que servisse de sala de aula para os alunos da comunidade. Foram tantos fatos marcantes na vida desse homem que teve um coração recheado de amor à família e ao próximo.
Bio Mariano nos deixou, mas foi um marco na vida de muitas pessoas.
O Bio Mariano tocador!
O Bio Mariano dançarino!
O Bio Mariano da Carroça!
O Bio Mariano das damas da terceira idade!
O Bio Mariano incentivador da educação e do esporte!
O Bio Mariano músico!
Foram tantas atribuições que só quem conheceu Seu Bio Mariano, sabe do que eu estou falando.