A ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, dissolveu 17 organizações não governamentais ligadas às igrejas evangélicas e católicas, nesta terça-feira (24).
A dissolução se dá pelo cancelamento da personalidade jurídica outras instituições. De acordo com o diário oficial do regime, a justificativa para o fechamento dessas entidades é de que elas não informaram fontes de financiamento e detalhes de doações. Os bens móveis e imóveis das organizações são transferidas ao Estado.
A medida é mais um ataque da ditadura comandada por Daniel Ortega e sua vice e esposa, Rosario Murillo, a instituições religiosas na Nicarágua.
Em março, o governo ditatorial da Nicarágua ordenou o fechamento de duas universidades ligadas à Igreja Católica. A Universidade Juan Pablo II, que possuia unidades em Manágua e em outras quatro cidades e a Universidade Autônoma Cristã da Nicarágua (Ucan), com operação em León e outras cinco cidades.
A Missão Cristã Verbo, uma entidade evangélica que possui diversos projetos sociais e templos, e está no país desde 1980, teve seus bens confiscados em maio deste ano. Através de uma ordem emitida pelo Ministério do Interior, o regime ditador ordenou a passagem dos bens da ONG para o Estado. Além disso, o governo retirou a personalidade jurídica da organização.
No final de julho, foram cancelados os estatutos jurídicos da Universidade Evangélica Nicaraguense Martin Luther King Jr. (UENIC) e da Universidade do Ocidente (UDO), que funcionavam como organizações sem fins lucrativos (OSFL /ONG) registrado desde 1998.
O governo na Nicarágua também expropriou, em agosto, todos os bens e contas bancárias da Universidade Centro-Americana (UCA), pertencente à Companhia de Jesus (jesuítas), após acusá-la de “terrorismo”.
A Nicarágua fechou mais de 3.000 ONGs desde que endureceu a legislação após protestos de 2018 contra o regime, que em três meses de bloqueios de ruas e confrontos deixaram mais de 300 mortos, segundo as Nações Unidas.
A relação entre a Igreja Católica e o governo se deteriorou no meio dessas manifestações, que Ortega afirma terem sido uma tentativa de golpe de Estado promovida pelos Estados Unidos —o país, junto com a União Europeia e outras nações, denunciaram a repressão contra opositores da ditadura nicaraguense.