O Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, associou na quarta-feira (20) a líder opositora María Corina Machado a tentativas de desestabilizar o país, em resposta à sua desqualificação para concorrer nas eleições presidenciais agendadas para 28 de julho.
Saab também anunciou a prisão de Henry Alviárez e Dignora Hernández, figuras proeminentes do partido político de María Corina, acusados de planejar atos desestabilizadores com o intuito de “forçar” a habilitação da opositora ao governo de Nicolás Maduro.
“O Ministério Público solicitou nove prisões, das quais duas foram efetuadas”, informou Saab. Um dos mandados de prisão é para Magalli Meda, colaborador próximo de María Corina.
María Corina denunciou uma “brutal repressão” do regime de Maduro contra suas equipes de campanha, alegando que tais ações visam impedir o progresso da Venezuela rumo a mudanças e liberdade pacífica e democrática.
“Peço aos venezuelanos força e coragem nestes tempos desafiadores. Agora, mais do que nunca, devemos permanecer unidos e resolutos para seguir em direção aos nossos objetivos”, declarou.
Quatro outros integrantes da campanha de María Corina foram detidos nos últimos três meses sob acusações de conspiração, entre outros delitos.
Alviarez já havia sido alvo de um mandado de prisão em dezembro, que foi revogado após uma troca de prisioneiros entre os Estados Unidos e a Venezuela, resultando na libertação de alguns membros da oposição e americanos detidos.
Essa troca fez parte de um acordo entre o governo de Maduro e Washington, que previa a remoção de obstáculos à oposição em preparação para as eleições, em troca do levantamento de sanções aos setores petrolífero, de gás e mineração da Venezuela.
O governo tem enviado sinais contraditórios sobre as eleições, sugerindo cada vez mais que a disputa pode não ser livre. Caracas continua a prender opositores mesmo após o anúncio da data das eleições, mantendo a desqualificação de María Corina para a corrida eleitoral.
A ex-deputada está inelegível por 15 anos, apesar de ter vencido as primárias em outubro passado, com o consentimento do governo — cujos resultados foram posteriormente suspensos pela Justiça.
Ela foi declarada inelegível por supostas irregularidades administrativas durante seu mandato como deputada de 2011 a 2014, de acordo com a Controladoria-Geral. A sanção foi imposta em 2015, com duração inicial de um ano. A extensão, segundo o órgão, deve-se ao seu apoio às sanções dos EUA contra Maduro.
O período para registro de candidaturas para as eleições vai de quinta-feira (21) até a próxima segunda-feira (25).
As prisões e barreiras aos adversários políticos têm aumentado desde dezembro. Em janeiro, os EUA reimplementaram sanções a Caracas após a decisão judicial venezuelana de manter a desqualificação de María Corina.
Paralelamente, o governo convidou a União Europeia e as Nações Unidas para monitorar as eleições, apesar de ter expulsado o órgão de direitos humanos da ONU do país em fevereiro.
Enquanto enfrenta obstáculos jurídicos para a competição eleitoral, Caracas continua a prender opositores sob a acusação frequente de conspiração para assassinar Maduro e perseguir grupos considerados rivais.
Recentemente, no dia 13, Saab anunciou a prisão de Whilfer Piña, líder do partido opositor La Causa R, e do ex-sargento da Guarda Nacional Renzo Flores, ambos acusados de “conspiração, associação e tentativa de magnicídio” por supostamente planejarem um ataque contra Maduro.