colunista: Ivana Cristina Colaboração: Wanderley Martins
Diozina Maria Martins nasceu em Minas Gerais, em 12 de junho de 1943. Casou-se muito jovem e desse matrimônio nasceram seis filhos: Wanderley, Maria da Penha, José, Paula, Aparecida e Graças (Gracinha). Procurando melhores condições de vida e com a Campanha(terras férteis que precisavam ser ocupadas) encabeçada pelo então Governador do Estado Wanderley Dantas mudaram-se para o Acre, o ano era 76. Chegando aqui, foram morar no Km 52, na BR 317, Estrada do Pacífico. Se depararam com fatores adversos: A estrada era intrafegável, não havia incentivo do governo, a mata era “bruta” e a quantidade de chuvas durante o ano, dificultava o acesso à cidade. Plantavam, colhiam e criavam pequenos animais. Logo, ficou viúva, aos 36 anos de idade. Com 06 filhos para criar, a situação ficou muito difícil. Procurando melhores condições de vida, mudaram-se para a cidade. Chegando em Brasileia foi lavar roupa para fora, logo ganhou freguesia. Sua principal freguesa era Dona Beatriz Saady. Diozina lavava e passava roupas no “capricho”, logo ficaram amigas. Dona Beatriz ajudou bastante Dona Diozina no provento de sua família. Além de lavar roupa, Dona Diozina rezava em crianças e adultos. Foi assim que eu a conheci. Eu morava em Vila Epitácio, na Avenida Santos Dumont, atrás da casa da minha mãe, tinha o campo da Dona Nazinha(hoje é um bairro). Brincando pelo campo, uma cobra passou em cima do meu pé. Na hora tive medo. Mas, não contei nada para ninguém. Nem para minha mãe, com receio dela não deixar eu ir mais para o campo. Meu pé ficou vermelho, dolorido e inchado. Minha mãe ficou muito preocupada. Quando íamos saindo para o Posto de Saúde, encontramos Dona Diozina. Ela falou com minha mãe, olhou para o meu pé e disse: A cobra que passou em cima do seu pé, estava trocando de pele. Vou pegar uns “gainhos” de vassourinha e rezar. Não precisa levar para o médico, não”. Minha mãe olhou para mim surpresa. Mas, surpresa ficou eu! Não tinha dito para ninguém. Ela rezou três vezes e o pé ficou bom. Nessa época Dona Diozina morava no Buraco do Tatu, em Epitaciolandia. Ela era uma mulher de bom coração, humilde, fazia amizade com todos. O tempo passou, os filhos da Dona Diozina cresceram e a maioria deixou a escola para trabalhar. Dona Diozina já era avó e foi morar no Bairro Samaúma, em Brasileia. Lá viveu seus últimos dias. Faleceu aos 76 anos, em decorrência do diabetes. Foi uma mulher forte, determinada, guerreira, criou os filhos em meio às dificuldades da época. Incompreendida por alguns e amada por outros! Foi esposa, mãe, avó, bisavó e tataravó. Era uma “rezadeira” de mão cheia, conhecida por todos. Deixou um legado para sua família e amigos, que nas dificuldades encontramos força para vencer. E é essa força que seus filhos carregam até hoje. Força e determinação para trabalhar e vencer. Wanderley é um exemplo disso. Trabalhando em sua lanchonete na Rodoviária de Brasileia, acorda cedo e atende cada freguês com um sorriso estampado no rosto. Herdou da mãe o carisma, responsabilidade e o amor ao trabalho. Aos filhos, genros, noras, netos, bisnetos e tataranetos da Dona Diozina, meu carinho, admiração e respeito.