Reportagem: Helizardo Guerra
O clima de cobrança voltou às ruas de Epitaciolândia, desta vez materializado em cartazes improvisados e frases diretas, quase desesperadas: “E a nova ponte? Vamos esperar até quando? Se for a favor, buzine.” A manifestação popular, ainda que pacífica, carrega um peso simbólico que vai além do papelão e da tinta: revela a frustração de uma população que acreditou em promessas feitas no palanque e agora cobra respostas concretas.
Durante a campanha eleitoral, a construção da nova ponte foi alçada à condição de bandeira central do discurso do então candidato à reeleição. O tema dominou falas, vídeos e compromissos públicos, criando forte impacto positivo junto ao eleitorado e contribuindo decisivamente para a recondução do gestor ao cargo. Passado o período eleitoral, porém, o tom mudou — ou, melhor, silenciou.
Reeleito, o atual prefeito parece ter deixado a promessa no mesmo lugar onde ficaram os slogans de campanha. O discurso enfático deu lugar à ausência de informações, e o compromisso reiterado transformou-se em expectativa sem prazo. Enquanto isso, a população segue apelando, agora fora do calendário eleitoral, tentando sensibilizar uma gestão que, até o momento, não demonstra a mesma disposição para ouvir.
As manifestações recentes evidenciam um sentimento crescente de descrédito. Não se trata apenas da ponte em si, mas do simbolismo que ela carrega: a ligação entre o que foi prometido e o que está sendo efetivamente cumprido. A cobrança que ecoa nas ruas é simples e legítima: quando a promessa de campanha deixará de ser apenas discurso e passará a ser obra?
Em um cenário de silêncio oficial, os cartazes acabam falando mais alto. Resta saber até quando a população terá de recorrer a buzinas e faixas para lembrar ao gestor que compromisso de campanha não tem prazo de validade — e que a paciência do eleitor, assim como a ponte prometida, também tem limites.