Entre ironias e relativizações, vereadora Eliade trata reivindicações da população como mero pedido por ruas e luz VEJA FOTOS E VIDEO

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Reportagem: Helizardo Guerra

Durante pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de Epitaciolândia, a vereadora Eliade protagonizou uma fala que repercutiu negativamente entre os munícipes ao comentar as constantes cobranças da população por serviços públicos e direitos básicos garantidos aos contribuintes.

Ao abordar as chamadas “prioridades” da gestão pública, a parlamentar optou por um discurso que, para muitos, soou como deboche institucionalizado. Em tom de desdém, Eliade minimizou a abrangência das políticas públicas, reduzindo a atuação do poder público praticamente a serviços elementares, como manutenção de ruas e iluminação pública — como se a administração municipal se resumisse a apagar lâmpadas queimadas e tapar buracos ocasionais.

“Com exceção e o que é necessária e prioridade, sim, mas vamos trabalhar com a prioridade”, declarou a vereadora. A fala, além de confusa, sugere não apenas uma hierarquização seletiva das políticas públicas, mas também um desprezo velado por áreas essenciais como saúde, educação, assistência social e habitação — justamente aquelas que mais mobilizam cobranças da população.

Na tentativa de justificar a limitação da ação governamental, Eliade recorreu a uma comparação doméstica: “Nas nossas casas, às vezes falta reparo, mas a gente trabalha com prioridade”. A analogia, no entanto, foi recebida como simplista e deslocada, ao equiparar a gestão de recursos públicos e direitos constitucionais a decisões improvisadas do cotidiano familiar.

Ao tratar demandas sociais como pequenos incômodos domésticos, o discurso da parlamentar acabou reforçando críticas já recorrentes: a de que direitos básicos dos cidadãos são frequentemente tratados como favor, enquanto cobranças legítimas são encaradas como exagero, impaciência ou capricho popular.

A redução das prioridades do município a serviços mínimos levanta questionamentos sobre o planejamento estratégico da administração e, sobretudo, sobre o real compromisso do Legislativo com políticas públicas estruturantes e inclusivas. Para críticos, a fala apenas escancara uma prática conhecida: naturalizar a precariedade, esvaziar o debate público e transformar o direito do contribuinte em um detalhe inconveniente — quando não descartável.