Entre Votos e Sambas: a câmara de Epitaciolândia Reinventa a Política com Estilo e elogios

o povo quer saber Helizardo Guerra
Compartilhe

Reportagem: Helizardo Guerra

Enquanto os serviços públicos tropeçam nas ruas  esburacadas da cidade, os nobres vereadores de Epitaciolândia parecem ter descoberto uma nova função legislativa: a de animadores de festas. Em meio a discursos empolgados, recheados de elogios à atual gestão municipal, parlamentares se revezam em declarações calorosas — não sobre saúde, educação ou infraestrutura — mas sobre o brilho das últimas festividades realizadas.

“É preciso reconhecer o esforço da prefeitura em manter viva a alegria do povo”, disse um dos entusiastas do bloco “Me engana que eu gosto”, esquecendo-se de mencionar que, enquanto o palco da festa recebe iluminação de última geração, muitos bairros seguem no escuro — literalmente.

A cada evento promovido, seja ele uma quermesse, um desfile ou uma inauguração de letreiro luminoso, a Câmara se enche de aplausos. Não pela gestão eficiente, mas pelo espetáculo — e o show não pode parar. A cidade até pode estar perdendo o rumo, mas entre paetês e confetes, quem se importa? Afinal, como dizia o poeta: “Panis et circenses” — pão e circo, ou no caso, cuscuz e som automotivo.

Enquanto isso, a população observa, entre o riso nervoso e a indignação, o carnaval fora de época que tomou conta da política local. No fim, o que importa é que os fogos brilhem — ainda que a cidade arda em silêncio.