Reportagem: Helizardo Guerra
Falta de manutenção, risco à segurança e apelos de pais e servidores revelam a realidade de uma das unidades mais antigas do município
A reportagem do portal De Frente com a Notícia esteve na Escola Municipal João Pedro da Silva, em Epitaciolândia, a convite do vereador e professor Cleomar Portela, que decidiu mostrar de perto a situação de abandono enfrentada por alunos, professores e servidores da unidade.
Logo na chegada, o cenário fala por si. Problemas estruturais graves se acumulam há anos: uma das caixas de gordura da escola está estourada, o esgoto retorna para o pátio e o mau cheiro chega até a cozinha. A madeira que sustenta parte do piso e da cobertura está apodrecida, e infiltrações se espalham por diversas salas de aula.
“Essa caixa de gordura está retornando porque a fossa está cheia, e o mau cheiro é sentido logo na entrada da escola. São situações que precisam ser revistas com urgência pelo poder público”, relatou o vereador.
Abandono visível e risco constante
Segundo Cleomar Portela, desde o início de 2025 ele tenta, sem sucesso, mobilizar o poder público para resolver o problema. A escola, que leva o nome do centenário João Pedro da Silva, um dos pioneiros de Epitaciolândia, é uma das mais antigas da rede municipal e já foi referência em qualidade educacional.
“No início do ano, visitamos a Escola João Pedro e levamos o caso à Câmara de Vereadores. Solicitamos ao Executivo que enviasse uma equipe para vistoriar e recuperar o prédio. Em junho, retornamos e protocolamos no Ministério Público uma nova denúncia, porque a escola continuava insalubre e sem condições de atender os alunos”, contou.
As chuvas agravam o cenário: salas são invadidas pela água, há risco de curto-circuito e a presença de animais peçonhentos é constante.
“Inclusive cobras já apareceram por aqui. A estrutura metálica que sustenta o refeitório está enferrujada e comprometida. A escola não tem condições de funcionar dessa forma”, alertou o vereador.
Pais de alunos também têm procurado o gabinete do parlamentar pedindo socorro.
“Recebo mensagens todos os dias de pais pedindo ajuda. A Escola João Pedro precisa de atenção urgente. Já entramos em contato com o Ministério Público e estamos solicitando uma nova vistoria da Defesa Civil”, acrescentou.
Promessas e realidade
Enquanto isso, nas redes sociais, a prefeitura de Epitaciolândia divulga informações sobre “investimentos e excelência na educação municipal”. Para o vereador, o discurso não reflete o que acontece dentro da Escola João Pedro da Silva.
“A gestão atual se reelegeu afirmando que faria o que outros não fizeram. Mas já se passaram quatro anos do primeiro mandato e quase dois do segundo, e essa escola continua esquecida. Aqui estudam filhos de cidadãos de Epitaciolândia, e eles também merecem um espaço digno”, criticou.
A falta de estrutura, segundo ele, impacta diretamente o aprendizado. A escola, que já teve um dos melhores índices de IDEB do município, hoje enfrenta queda de desempenho devido às condições precárias.
“Não há sala para o AEE, o espaço da administração é improvisado, o pavilhão de madeira está podre e o portão da frente continua amarrado com arame, do mesmo jeito que encontramos no início do ano”, lamentou.
Cobrança por igualdade e compromisso com a verdade
Portela enfatiza que sua denúncia não tem motivação política, mas o objetivo de garantir igualdade de atenção e investimento entre as escolas do município.
“Não queremos fazer sensacionalismo. Eu reconheço avanços da gestão em outras áreas, como saúde e escolas rurais. Mas a Escola João Pedro também precisa ser olhada com responsabilidade. Todos os alunos merecem o mesmo tratamento, independentemente de onde estudem”, afirmou.
Apelo final
O vereador concluiu pedindo que o Poder Executivo realize uma visita técnica urgente e promova as reformas necessárias para garantir segurança, dignidade e qualidade de ensino.
“A Escola João Pedro já foi referência no IDEB. Os professores são dedicados, muitos vêm fora do horário para ajudar os alunos. Esses estudantes precisam da escola, e a escola precisa de condições para continuar sendo esse espaço de transformação. O que pedimos é simples: que a gestão olhe para todas as escolas, sem distinção. Todas merecem o mesmo cuidado”, finalizou.
