Michael Franzese cresceu em uma família envolvida com a máfia nos Estados Unidos. Seu pai era um chefe e, na juventude, ele assumiu o lugar dele. Na prisão, ele teve um encontro com Cristo e hoje conta seu testemunho de redenção.
“Minha família estava em guerra. Meu pai não podia ficar em casa. Ele era tão famoso que não conseguia escapar. Ele estava sempre sendo preso, sempre sendo indiciado. Tínhamos policiais ao nosso redor o tempo todo. Eu experimentei isso na escola, eu experimentei isso em todos os lugares. Foi a minha vida inteira”, relembrou ele à Fox News.
Franzese é autor de vários livros, incluindo “Blood Covenant” (“Aliança de Sangue”). Recentemente, após a estreia de uma nova série documental no The History Channel, “American Godfathers: The Five Families”, que explora a ascensão e queda das cinco famílias mafiosas da cidade de Nova York, ele se manifestou dizendo:
“Não é uma vida romântica. É uma vida ruim. Eu até digo que é um estilo de vida maligno, porque as famílias são destruídas. Minha própria família foi destruída”.
O pai de Franzese, John “Sonny” Franzese, era o antigo subchefe da Colombo Crime Family. Antes de se envolver com a máfia, Franzese tinha o sonho de ser médico, mas depois que seu pai recebeu uma sentença de 50 anos de prisão por “supostamente planejar uma série nacional de assaltos a banco”, ele decidiu entrar para o crime para ajudar o pai.
“Foi um ponto de virada para mim. Meu pai tem 50 anos. Se ele não sair, vai morrer na prisão. Eu me senti na obrigação de ajudá-lo. Então disse: ‘Pai, eu não vou para a escola. Eu vou te ajudar. Você vai morrer na prisão'”, contou ele.
E continuou: “Foi quando ele me disse: ‘Se você vai ficar na rua, eu quero você na rua do jeito certo'”.
Com 21 anos, Franzese entrou para a máfia. Durante sua cerimônia de iniciação, ele fez um pacto de sangue e foi informado: “Esta noite, você nasceu de novo para uma nova vida. Traia seus irmãos e você morrerá e queimará no inferno como o santo está queimando em suas mãos”.
Vida no crime
Segundo a revista americana Esquire, Franzese ficou responsável por 300 soldados e se concentrou principalmente em golpes fiscais. Nessa época, Franzese alegou que gerava de US$ 5 milhões a US$ 8 milhões por semana no auge de sua carreira na máfia.
De acordo com relatos, Franzese ganhou milhões planejando um golpe de imposto sobre gasolina e chegou a ser conhecido como o “Príncipe da Máfia”. Ele foi destaque na lista da revista Fortune dos “Cinquenta Chefes da Máfia Mais Ricos e Poderosos”.
“Eu estava tão doutrinado. Não é algo que você pensa em abandonar. Eu nunca pensei nisso. Mas eu me tornei um alvo importante. Fui preso 18 vezes. Eu tive sete indiciamentos. Eu fui a cinco julgamentos e era um alvo constante da polícia”, relatou ele.
Em 1984, ele se apaixonou por Camille Garcia, uma dançarina da Califórnia. A partir desse momento, ele começou a refletir sobre seu futuro com a máfia através do exemplo de sua família:
“Eu sabia que a vida era ruim. Minha mãe passou 33 anos sem marido. Quando ela faleceu em 2012, só posso dizer que seu relacionamento com meu pai era feio, porque ela o culpava por tudo que dava errado em sua vida. Minha irmã morreu de overdose aos 27 anos. Meu irmão mais velho foi viciado em drogas por 25 anos. Minha outra irmã não era mentalmente estável. Ela faleceu aos 40 anos”.
“Então aqui estou eu, me apaixonando por essa garota. Eu disse a mim mesmo: ‘O que vou fazer, casar com ela e fazê-la passar pela mesma coisa? Sou um alvo. Vou acabar morto ou na cadeia. Minha família era uma família em guerra. Por que vou fazer isso com ela?'”, acrescentou.
No entanto, Franzese e Garcia se casaram em 1985. No mesmo ano, ele foi acusado na Flórida e em Nova York em conexão com seu golpe de imposto sobre gasolina. Além disso, ele se declarou culpado de uma acusação de conspiração por extorsão e uma acusação de conspiração fiscal.
Franzese foi condenado a 10 anos de prisão, mas foi liberado em liberdade condicional após quase quatro anos. Porém, após violar a liberdade condicional, foi enviado de volta para a prisão federal por mais quatro anos.
Encontro com Deus
Na prisão, um guarda lhe entregou uma Bíblia e que fez com que ele mudasse seu estilo de vida:
“Minha esposa e minha sogra eram cristãs fervorosas. Então, li a Bíblia de cabo a rabo. Cheguei à conclusão de que o cristianismo era verdadeiro e real. O pastor da igreja onde casei e todas as pessoas de lá se uniram à minha esposa e meus bebês na época. Eles mandaram livros para a prisão. Eles foram muito bons para minha família. Isso me deu algo novo em que acreditar. Isso me deu esperança”.
Em 1995, Franzese se afastou definitivamente da máfia. Hoje, como seguidor de Cristo, ele afirmou: “Eu acredito 100% no cristianismo. Não sou o melhor cristão, mas minha fé é sólida como uma rocha. Ninguém pode mudar isso por mim”.
Por 10 anos, ele e o pai ficaram afastados. Segundo a Esquire, Franzese e sua família se mudaram para a Califórnia para fugir de ameaças de morte.
“Não queria decepcionar meu pai. Mas eu a escolhi, minha esposa. Eu tive um caminho muito difícil para trilhar sem machucar meus antigos amigos. Também tive que convencer o governo de que estava fora dessa vida. As pessoas ficaram bravas comigo e fizeram um contrato pela minha vida. Meu pai praticamente me deserdou. Os federais estavam em cima de mim. Eles queriam fazer de mim uma grande testemunha. Mas nós superamos isso”, concluiu ele.