Processada pela deputada federal transexual Erika Hilton (PSOL-SP), a feminista Isabella Cêpa afirmou que não cometeu violência ao chamar a parlamentar de “homem”. A ativista afirma que não há agressão em “dizer a verdade”.
Isabella defende a corrente de pensamento feminista de que mulheres transexuais não são como as mulheres cisgênero (biológicas). Para ela, unir as duas pautas enfraquece a defesa dos direitos femininos, rouba espaços que deviam pertencer às mulheres cis e pode colocá-las em risco, como no caso do compartilhamento de banheiros públicos.
– Eu tento entender por que seria violento dizer a verdade. É algo que não entra na minha cabeça. Existe um debate muito grande, especialmente cobrado de nós, mulheres, que é: “O que custa ser educada? Ser boazinha, chamar a pessoa do jeito que ela quer?”. Bom, olha o que me custa não fazer. Tem um nome para quando você força uma mulher a fazer algo que ela não quer. O nome é forte, as pessoas não gostam dessa palavra – declarou Isabella em entrevista ao Contexto Metrópoles.
A militante, que se autointitula feminista radical, defendeu que está exercendo seu direito constitucional ao expressar suas convicções políticas.
– É nesse sentido que reafirmamos que temos o direito de utilizar a linguagem que quisermos. Ninguém está tirando o direito de ninguém de fazer isso. [É por isso] que a própria PGR reconheceu que estou exercendo um direito legítimo de expressar minha crença política. O movimento feminista é teórico e político, e temos esse direito de expressão garantido pela Constituição – assinalou.
A fala de Cêpa que resultou no processo movido por Hilton ocorreu em 2020, quando a feminista afirmou que “a mulher mais votada é homem”, ao comentar as eleições municipais. Esta semana, Isabella revelou ter deixado o Brasil e conseguido status de refugiada em um país do Leste Europeu, que ela não especificou qual.
– Eu sempre costumei falar desse assunto nas minha redes sociais, naquele momento não foi nenhuma novidade, (…) meu público sempre esteve acostumado com esses comentários. Foi um comentário aleatório. Seria um comentário que eu faria em qualquer outro dia da minha vida – ponderou.