O Partido dos Trabalhadores (PT) mobilizou seus apoiadores para participarem de manifestações nas ruas neste sábado, 23, com o objetivo de pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e lembrar os 60 anos da ditadura militar. Notavelmente ausentes serão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ministros, com receio de que sua presença em um evento com esse teor possa piorar as relações do Palácio do Planalto com as Forças Armadas.
As manifestações estão programadas para ocorrer em 19 cidades, incluindo 16 capitais brasileiras, além de Lisboa, em Portugal, e Barcelona, na Espanha. O principal ponto de encontro dos manifestantes será em Salvador (BA), onde a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), estará acompanhada do governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Líderes de partidos aliados ao governo relatam que a ausência do presidente e dos ministros nas manifestações reflete a postura de Lula de não se posicionar sobre os 60 anos da ditadura militar, período marcado por graves violações de direitos humanos. No mês passado, Lula expressou seu foco no presente ao afirmar que está mais preocupado com o futuro do que com eventos do passado.
Além disso, o governo teme que a participação da cúpula governamental nas manifestações possa ser interpretada como uma resposta ao ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista em fevereiro. O governo enfrenta uma queda de popularidade, e uma convocação do presidente para os protestos poderia não ter o efeito desejado.
O PT, em nota oficial, convidou seus filiados e apoiadores a defenderem a democracia e a exigirem punição para aqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito. Os atos deste sábado serão marcados por uma união entre movimentos sociais e trabalhadores em defesa dessas pautas, com destaque para a demanda pela prisão dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado.
Embora a ausência de Lula possa impactar a mobilização, os organizadores acreditam na força dos protestos já convocados. Rud Rafael, coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), reconhece o poder de mobilização de Lula, mas enfatiza que a convocação dos atos já demonstrou sua força.