Gesto de Alexandre de Moraes em estádio repercute e reacende debate sobre postura de autoridades públicas

Política
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Reportagem: Helizardo Guerra

Uma cena registrada durante a partida entre Corinthians e Palmeiras, válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na noite da última quarta-feira (30), repercutiu intensamente nas redes sociais e provocou debates sobre a conduta de autoridades públicas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi flagrado fazendo um gesto obsceno — o tradicional “dedo do meio” — enquanto assistia ao jogo em um camarote da Neo Química Arena, em São Paulo.

A imagem ganhou ainda mais repercussão por ter sido registrada poucas horas após o ministro ser incluído na lista de sanções da chamada “Lei Magnitsky”, dos Estados Unidos. A legislação é voltada à punição de autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos, e o episódio reacendeu críticas internacionais à atuação de membros do Judiciário brasileiro.

O gesto, feito em público e diante de milhares de pessoas, vai além de um desabafo ou reação espontânea. Representa uma afronta simbólica à crítica pública e um desprezo à compostura esperada de quem ocupa uma das mais altas funções da Justiça no país. Em um momento de fragilidade institucional e crescente debate sobre a politização do Judiciário, atitudes como essa aprofundam o distanciamento entre as autoridades e a sociedade.

Não se trata apenas de um ato vulgar, mas de um recado explícito sobre o grau de respeito com que algumas figuras públicas lidam com a opinião pública, a imprensa e os princípios democráticos. O episódio também levanta uma questão incômoda: até que ponto ministros da Suprema Corte, protegidos por mandatos vitalícios e sem mecanismos efetivos de controle externo, sentem-se livres para agir sem prestar contas à população?

A crise de imagem do STF, frequentemente acusado de extrapolar seus limites constitucionais, ganha um novo e simbólico capítulo. Um simples gesto, feito diante de um estádio lotado, reverbera como um sinal de desdém — não apenas aos presentes, mas a todos que ainda esperam das instituições atitudes pautadas por sobriedade, responsabilidade e respeito.