Em um esforço calculado para reabilitar sua imagem política, o ex-ministro José Dirceu, que enfrentou condenações relacionadas ao mensalão e ao petrolão, escreveu um artigo no último sábado, dia 13, no qual advoga pela necessidade de regulamentação das redes sociais. O texto, veiculado pelo jornal O Globo sob o título “Sem regulação, plataformas digitais se tornam uma ameaça”, defende a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra as acusações de censura decorrentes de seu bloqueio de perfis.
“Como o Brasil não conta com arcabouço regulatório para deter a desinformação nas redes, é fácil tentar atribuir ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, o papel de censor. É isso que tentam fazer os bolsonaristas desde o início dos inquéritos que investigam fake news e milícias digitais. Eles ganharam o apoio de um peso pesado: o bilionário Elon Musk, dono do X, que abriu artilharia contra Moraes, indo buscar notícia velha, os ‘Arquivos Twitter’ de funcionários da empresa que trazem informações de 2020 e 2022 sobre contas bloqueadas por determinação do ministro do STF”, diz Dirceu.
Após Elon Musk expressar descontentamento com as decisões judiciais que limitam o uso do X por alguns brasileiros, membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e apoiadores do governo voltaram a defender o Projeto de Lei das Fake News. Vale ressaltar que esse projeto teve seu conteúdo rejeitado pelo Congresso Nacional.
Em seguida, José Dirceu assume o papel de analista político, mas não vai além das teorias conspiratórias que circulam na esquerda nacional desde que o proprietário do X decidiu criticar o ministro Alexandre de Moraes, com o apoio dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Nada, em política, é por acaso. As falas de Musk, imediatamente aplaudidas pelo clã Bolsonaro e correligionários, fazem parte da estratégia de tentar impedir, pela pressão política, a prisão do ex-presidente Bolsonaro. Mas Musk não quer só salvar um aliado. A volta da extrema direita ao poder no Brasil lhe seria conveniente para os negócios. Além do X, ele é CEO da Tesla, fabricante de carros elétricos e, neste momento, concorrente dos chineses da BYD, que assumiu a infraestrutura da Ford na Bahia”, diz o amigo da China Dirceu.
Atenção para a sequência do plano maléfico de Musk desvendado pelo condenado no julgamento do mensalão:
“Musk depende das baterias de íon de lítio que alimentam esses veículos. O Brasil é o quinto maior produtor no mundo do mineral, com 2.200 toneladas métricas por ano, segundo o governo, volume bem distante da Austrália, que produz 55 mil toneladas por ano, mas ainda assim território disputado. Musk é também dono da Starlink, que oferece conexão via satélite em locais remotos. Em 2022, firmou acordos com o governo Bolsonaro para atender à Amazônia. Segundo a Anatel, a Starlink é responsável por 37,6% dos assinantes de alta velocidade em localidades remotas do país.”
Quem desejar, pode acreditar nas supostas intenções democráticas mencionadas por Dirceu no artigo. No entanto, como ele próprio afirmou, “nada, em política, é por acaso.”.
Com informações de O Antagonista