fonte: terra brasil noticias
Esta semana, a Embaixada do Brasil na Venezuela recebeu duas novas incorporações: o tenente-coronel Eduardo Moraes Fonseca, novo adido de Defesa e do Exército em Caracas, e o subtenente Alex P. Bortoluzzi. Apesar do reatamento das relações entre o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Venezuela de Nicolás Maduro, a presença brasileira em Caracas ainda está aquém do necessário para recompor o vínculo bilateral, uma prioridade da política externa brasileira.
Segundo o jornal O Globo, a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira chegou a Caracas em fevereiro, após mais de um ano de espera. Antes dela, o país foi representado por um encarregado de negócios, o embaixador Flávio Macieira, que iniciou o desafiador trabalho de retomada das relações após seis anos de ausência. Em 2017, durante o governo Temer, a Venezuela expulsou o embaixador Ruy Pereira, deixando apenas um ministro-conselheiro e cinco colaboradores. Antes do fechamento da embaixada, decidido pelo então presidente Jair Bolsonaro, o ministro-conselheiro ganhou um sexto colaborador.
Hoje, a embaixadora conta com apenas três colaboradores, mas espera-se que esse número possa chegar a nove até o fim do ano. Os adidos militares recentemente chegaram, e um adido de inteligência está sendo cogitado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), embora ainda não tenha sido escolhido nem tenha data para desembarcar na capital venezuelana. Segundo fontes da Abin, o adido de inteligência não chegará a Caracas antes das eleições presidenciais de 28 de julho. Além disso, o envio de um adido agrícola também é esperado.
Apesar de defender a recomposição e o fortalecimento da relação com a Venezuela chavista, o Brasil enfrenta desafios para ser um ator relevante na complexa política local. A estrutura brasileira em Caracas é menor do que já foi nos dois primeiros governos de Lula. As comunicações entre o ex-presidente Hugo Chávez e Lula eram fluidas, mas hoje as interações entre Lula e Maduro são cuidadosamente calculadas. O Brasil busca um papel central no processo eleitoral, mas sua presença ainda não rivaliza com a de outros atores, como China, Rússia, Turquia e Irã.
A pesquisa “Brasil-Venezuela: evolução das relações bilaterais e implicações da crise venezuelana para a inserção regional brasileira, 1999-2021”, divulgada em 2021, destaca que o Brasil já teve escritórios de instituições como a Embrapa, Caixa Econômica Federal, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e o extinto Instituto Cultural Brasil-Venezuela em Caracas. No entanto, temas importantes, como a renegociação da dívida de cerca de US$ 1 bilhão da Venezuela com o BNDES, ainda não avançaram. A retomada da relação é um passo, mas é necessário fortalecer a presença brasileira para competir com outros atores regionais.