Mamão, o Taxista

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
Compartilhe

colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Ana Lúcia
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Raimundo Nonato dos Santos, nasceu em 11 de maio de 1945, filho de Estela Pereira dos Santos e Alexandre Monteiro dos Santos(soldado da borracha). Conheci Dona Estela quando era criança, uma senhora linda, de sorriso solto, voz marcante, andava sempre com o cabelo preso no alto da cabeça, ao sorrir, seu rosto ficava vermelho, tinha uma pele muito clara, uma senhora de bom coração, uma excelente parteira, conhecida por todos os moradores de Vila Epitácio.
Raimundo Nonato era muito franzino quando criança, fato que fez com que os colegas da escola colocassem o apelido de “mamão”. O apelido pegou! E hoje, o taxista Mamão é conhecido por todos. Mas ser taxista na Vila Epitácio (Epitaciolandia) na década de 80 não era fácil. Seu primeiro táxi foi um Fusca. O Fusca era um carro top de linha, na época! Todos queriam andar em um, inclusive eu. Mamão foi ganhando fama, dedicação ao trabalho, compromisso, responsabilidade e uma clientela fiel.
O trabalho de taxista, ao longo de 49 anos de profissão, ultrapassou a simples função de dirigir, se consolidou como um ofício tradicional, carregado de identidade cultural, transmitindo de geração a geração. Mamão inspirou muitos jovens a exercer a profissão. Uma profissão pouco reconhecida pelo árduo trabalho desses guerreiros.
Foi com o trabalho de taxista que Mamão sustentou sua família. Casado há 49 anos com a bela Antônia Silva de Freitas, uma companheira de vida, tem na esposa, o amor da sua vida, os sonhos e conquistas compartilhados.
Seus filhos: Ana Paula, Mizael(in memoriam), Ana Lúcia, Rudimar e Leandro André, sempre estiveram ao seu lado, partilhando sonhos, conquistas e desafios. Mamão inspirou seu filho Mizael, que por amor à profissão, desenvolveu habilidade para exercer a função de taxista, que o pai tanto honrou, transformando em uma tradição familiar.
Mas, o filho que partilhava seu amor ao volante, partiu de forma repentina, em um trágico acidente. Um acidente de carro ocorrido em 09 de setembro de 2016, ceifou-lhe a vida. Deixando seu pai, familiares e amigos com o coração enlutado por sua breve partida. Uma perda irreparável! Mas, o legado do jovem Mizael, está na profissão que exercia com amor, respeito e confiança, está nas lembranças, na memória viva que seu pai transmite para sobrinhos, netos e amigos. Mamão, se mantém firme, por amor à família, aos filhos, netos, esposa e sua fé em Deus.
Mamão é uma dessas pessoas raras de se ver, tem um coração grande, que sabe acolher o próximo com um sorriso, um olhar, um aperto de mão. Morando na zona rural, hoje aos 76 anos está aposentado. Recebe familiares e amigos para uma boa conversa. Uma das recordações como taxista, paira em sua lembrança o convite que José Estevão (condenado pelo assassinato do taxista, Alzemir), solicitou uma corrida, antes que Mamão aceitasse aquela “trágica corrida”, uma mãe chegou com uma criança doente nos braços, suplicando que a levasse ao hospital. Mamão entrou rapidamente no táxi com a mãe e a criança. José Estevão ainda perguntou se o mesmo iria demorar. Provavelmente sim, respondeu Mamão! José Estevão entrou no próximo táxi. O taxista era Alzemir Pinheiro Pereira, que estava na vez! Naquela mesma noite, no ano de 1998, no ramal do Km 18, BR 317, sentido Assis Brasil, José Estevão assassinou o taxista Alzemir com 19 facadas, fugindo em seguida. Sendo recapturado, quase 20 anos depois. Um assassinato bárbaro que causou muito comoção entre os moradores de Brasileia e Epitaciolandia. Livramento de Deus.
O taxista Mamão é uma referência como profissional brilhante, um pai amoroso, um avô carinhoso, um esposo dedicado e um amigo querido dos moradores de Epitaciolandia e Brasiléia.
Aos brilhantes taxistas que exercem a profissão por amor e sustento de sua família, minha homenagem na pessoa do taxista Mamão.