Maria Gorete Pereira

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Colaboradores: Thais Rejane, Sebastião Elviro e Neta Moura

Gorete nasceu em Jucurutu, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1952. Era uma criança linda, mas foi abandonada por seu pai, logo após nascer. Apesar das dificuldades, até os cinco anos, Gorete teve uma infância feliz ao lado de sua mãe, Maria Lídia, e de sua avó. A seca assolava o sertão e várias crianças morriam de desnutrição. Temendo por seu futuro, sua mãe Maria Lídia, deixou Gorete aos cuidados de uma tia paterna, aos oito anos de idade. Mas, o que parecia ser um futuro promissor, transformou-se em pesadelo. Gorete acordava antes de raiar o dia, para ordenhar as vacas, varrer o quintal e realizar inúmeros trabalhos domésticos. Sem direito a lazer e escola. Se algum “serviço” não agradasse sua tia, era judiada com beliscões, “cocorote” e várias vezes dormia sem jantar. Em pouco tempo aprendeu a cozinhar, varrer casa, lavar roupas, carregar água e trabalhar com lacticínios, caso não fizesse, muitos gritos e puxões de orelha. As notícias corriam no sertão, logo todos conheciam a história daquela sofrida criança. Sabendo dessa informação, Corina, foi até a residência e “roubou” Gorete das garras daquela algoz.
Gorete foi entregue a sua prima Maria Madalena Pereira e finalmente foi criada com amor. Maria Madalena Pereira tornou-se sua mãe de criação e Manoel Pereira seu pai. Gorete voltou a estudar, brincar, ter uma alimentação saudável, amar e ser amada. Morou com sua mãe , até casar. Mas, a vida no Nordeste continuava difícil. O sol queimava e a tão esperada chuva, nunca chegava. Gorete já tinha dois filhos: um de dois anos e outro de colo. No ano de 1975, alguns parentes tinham mudado para o Acre, uma terra promissora. Pensando em uma vida melhor para seus filhos. Veio morar no Acre, levou dez dias para chegar à Brasiléia. Aqui, foi trabalhar na colônia Estrela do Norte. Mas, o “ganho” era pouco e mudou-se para a cidade. Enfrentou muitas dificuldades, mas nunca desanimou. Uma mulher que sabe, gosta e sempre trabalhou com muita dedicação. Lavava roupas para a vizinhança, fazia faxina nas casas e vendia salgados de porta em porta.
Com o tempo começou a vender na Cantina da Escola Kairala, hoje prédio da Escola Getúlio Vargas. Logo ganhou freguesia. Ficou famosa por seus cascalhos com banana frita(o melhor que eu já comi até hoje).
Gorete é uma mulher empreendedora, gentil, alegre e cativante! Recebe cada freguês com um sorriso nos lábios no seu pequeno comércio na Rua Pauinin, perto da Palhoça. Famoso por vender deliciosas galinhas assadas.
Carrega força, determinação e fé, que se expressam no seu olhar. Uma mulher que nunca desanimou, mesmo diante dos impropérios da vida e se orgulha de suas raízes.
Aos 72 anos de idade, cercada pelo amor de seus filhos: Sebastião Elviro, Antônio Bráz, Lídia Regina, Emanuel Cristiano e Danielle Regiane. E de seus netos e bisnetos e muitos, muitos amigos! Quem não conhece a Gorete em Brasileia? Uma mulher que, enquanto trabalha, canta e assobia. Uma mulher extremamente admirável que carrega a força, garra e determinação dos nordestinos, um povo resiliente!