Parceria entre Alan Rick e Léo Moura reacende suspeitas e intensifica questionamentos sobre o uso de recursos públicos no Acre

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Reportagem: Helizardo Guerra

A recém-anunciada parceria entre o senador acreano Alan Rick (União Brasil) e o ex-jogador de futebol Léo Moura voltou a acender debates e levantar questionamentos sobre o destino de recursos públicos destinados ao Acre. O motivo é que o instituto ligado ao ex-lateral do Flamengo é alvo de uma investigação federal que aponta possíveis irregularidades no uso de R$ 45 milhões em verbas públicas.

A denúncia ganhou força nas redes sociais após moradores relembrarem que o mesmo Léo Moura — agora apresentado como parceiro político de Alan Rick em projetos esportivos no estado — já havia se tornado caso de polícia por suspeitas de superfaturamento e má utilização de dinheiro público.

CGU identificou indícios de irregularidades milionárias

A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou indícios de superfaturamento na compra de materiais esportivos, inconsistências na prestação de contas e falhas graves na execução dos projetos financiados pelo instituto do ex-atleta. Os recursos, provenientes de ministérios federais, deveriam ser aplicados na manutenção de escolinhas de futebol e em ações sociais voltadas a jovens em situação de vulnerabilidade.

De acordo com relatórios divulgados pela imprensa nacional — incluindo UOL, Estadão e TV Globo —, a CGU constatou:

  • Compra de chuteiras, bolas e equipamentos esportivos com valores acima do mercado;

  • Materiais não entregues conforme os contratos;

  • Estruturas precárias nos locais que deveriam receber o projeto;

  • Ausência de comprovação da execução integral das atividades financiadas.

O montante investigado supera R$ 45 milhões, recursos oriundos dos impostos pagos pelos contribuintes brasileiros.

Mesmo investigado, Léo Moura volta ao Acre como destinatário de novos recursos

Apesar das suspeitas e da repercussão nacional, Léo Moura voltou a aparecer no noticiário acreano após participar de agendas oficiais ao lado do senador Alan Rick, que anunciou apoio e novos repasses para projetos esportivos conduzidos pelo instituto do ex-jogador no Acre.

A aliança provocou desconfiança entre moradores e lideranças políticas, que questionam a decisão do senador de financiar uma entidade que se encontra sob escrutínio federal.

Nas redes sociais, um vídeo que viralizou reforça o sentimento de indignação:
“Mesmo assim, adivinha na mão de quem o Alan Rick vai entregar o dinheiro que era pra vir para o estado do Acre? Está muito estranha essa jogada, não está não, senador?”, diz o trecho compartilhado por milhares de internautas.

Acreanos cobram cautela, transparência e fiscalização

A reação negativa foi imediata. Muitos apontam que, diante de uma investigação que envolve milhões de reais supostamente desviados de políticas esportivas, o mínimo esperado seria cautela e total transparência no uso de emendas parlamentares e recursos destinados à juventude acreana.

Especialistas em gestão pública avaliam que, para evitar que o estado se torne palco de novos escândalos, são necessárias medidas como:

  • Análise rigorosa de conformidade dos projetos antes de qualquer repasse;

  • Comprovação legal de que o instituto está apto a receber recursos públicos;

  • Auditorias preventivas para impedir a repetição de irregularidades já detectadas pela CGU;

  • Transparência total em contratos, metas, execução e fiscalização das atividades.

Investigação avança e pressão aumenta dentro e fora do Acre

Enquanto o processo segue sendo analisado pela CGU — com possibilidade de avançar para ações de ressarcimento e responsabilização —, o Acre se vê no centro de uma controvérsia ao associar recursos públicos estaduais a uma entidade sob investigação.

Organizações civis e lideranças comunitárias já pedem que o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas acompanhem de perto qualquer repasse feito via emendas de parlamentares acreanos ao instituto de Léo Moura, sob risco de que o estado se torne mais um capítulo em um caso que continua sob escrutínio nacional.