Os ataques às igrejas aumentaram 600% no período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2024, que foi de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. A Nicarágua é o quarto país onde houve mais ataques a igrejas e instituições cristãs, como escolas e hospitais.
Qualquer mensagem que fale contra injustiças e violação de direitos humanos pode ser interpretada como uma crítica ao governo e é um motivo para o fechamento da igreja. Desde que Daniel Ortega tornou-se presidente, em 2007, as igrejas tiveram leves restrições, mas com a manifestação de 2018 tudo piorou.
O pastor Horácio (pseudônimo) foi um dos 30 líderes cristãos que participaram de um treinamento da Portas Abertas no país. Além de ser discipulado, o cristão recebeu cuidado pastoral para enfrentar a perseguição. “Não tenho liberdade para falar a verdade sobre o evangelho. Vivemos sob vigilância até mesmo em nossas casas”, revela.
O líder cristão recebeu seu chamado pastoral há 21 anos: “No meu coração senti a necessidade de compartilhar com os outros o quão bom Jesus é conosco”. Mas naquela época não havia uma perseguição como a atual.
As armas da perseguição
A burocracia para legalizar igrejas, a interrupção de culto e a prisão de líderes cristãos são armas para amedrontar, desencorajar e enfraquecer os seguidores de Jesus na Nicarágua. O pastor Horácio acrescenta: “Muitas atividades evangelísticas que realizaríamos na igreja foram rejeitadas, proibidas ou negadas pelo governo por meio da polícia nacional ou do gabinete do prefeito”.
Diante da pressão governamental, falta de recursos e sem uma formação bíblica sólida, alguns líderes cristãos recebem ajuda do governo. Assim, os patrocinadores têm o controle do que pode ser dito e feito nessas igrejas específicas.
Mesmo sob perseguição, a igreja do pastor Horácio conta com 57 membros ativos que se reúnem semanalmente e estão comprometidos com a expansão do Reino de Deus. “O mais gratificante é ver como Deus trabalha em seus servos”, finaliza o líder cristão.