“Políticos garantem um amanhã de prosperidade, mas os buracos de hoje seguem com mandato vitalício”

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Reportagem: Helizardo Guerra

Os grupos de WhatsApp da política na fronteira estão mais movimentados que feira livre em dia de pagamento. Áudios, farpas e defesas apaixonadas de cabos eleitorais circulam entre Brasil e Bolívia, como se cada mensagem fosse capaz de pavimentar uma rua — o que, convenhamos, seria mais útil do que o próprio debate.

De um lado, em Brasileia, o prefeito Carlinhos do Pelado exibe ruas revitalizadas, obras em andamento e investimentos que aparecem até nas fotos de turistas. Do outro, em Epitaciolândia, o prefeito Sérgio Lopes administra um cenário mais “rústico”: vias esburacadas, carência de infraestrutura e uma paciência popular que já está mais gasta que pneu em estrada de chão.

As imagens que circulam nas redes sociais fazem questão de comparar os dois municípios, como se fossem aqueles anúncios de “antes e depois”. Brasileia aparece como a capa de revista de urbanismo; já Epitaciolândia parece ter sido fotografada para ilustrar o capítulo “desafios da administração pública” em algum manual de má gestão.

Especialistas lembram que cidades de fronteira têm problemas complexos: trânsito intenso, demandas sociais diversas e orçamento apertado. Mas, segundo eles, sempre existe espaço para avançar quando há planejamento e prioridade. Claro, isso se a prioridade não for apenas gravar vídeos de campanha em vez de tapar buracos.

Enquanto Carlinhos do Pelado ganha fama de gestor arrojado, Sérgio Lopes já sonha em voos legislativos, embora a população queira que ele primeiro decole da lama das ruas locais. A cobrança é simples: menos discurso de futuro e mais asfalto no presente.

No fim das contas, os moradores resumem a novela política com a precisão de um slogan publicitário:
“Brasileia inspira, Epitaciolândia preocupa.”

O destino eleitoral de ambos, no entanto, deve depender da velha fórmula: obras visíveis, promessas generosas e, claro, a esperança de que o eleitor esqueça o buraco da esquina até o próximo comício.