Assim como outros países de maioria islâmica, em Burkina Faso, quando um muçulmano deixa o islã para seguir Jesus, passa a ser considerado um traidor para sua família.
Foi o que aconteceu com Mady*, de 17 anos, em 2020. Crescendo em uma família muçulmana, ele conheceu o Evangelho em uma igreja, liderada por uma missionária brasileira, que não identificaremos por razões de segurança.
À convite de jovens da igreja, o muçulmano foi aos cultos e se sentiu em casa. Mady aceitou Jesus e foi batizado nas águas.
Os familiares não aceitaram sua nova fé e passaram a persegui-lo. Seus irmãos o vigiavam constantemente; na rua, em seu trabalho, em casa e até mesmo dentro da igreja.
O jovem ouviu da própria mãe que não era mais filho dela, por ter se tornado um cristão.
Certo dia, a perseguição se intensificou. Os irmãos de Mady o espancaram, tomaram seus pertences e o mantiveram em cárcere privado em um quarto da casa da família.
O plano dos agressores era deixar o jovem trancado sem comida por três dias e depois matá-lo fora da cidade.
Segundo os missionários que lideram a igreja local, Mady passou a clamar a Deus em seu cativeiro até que algo sobrenatural aconteceu.
Oração que abre prisões
Enquanto orava, o cristão colocou a mão na porta do quarto, que caiu ao chão no mesmo instante.
Assim como Pedro no relato bíblico, Mady foi libertado com a ajuda do Senhor, que abriu a prisão que lhe prendia.
O ex-muçulmano conseguiu escapar e correu até a igreja, buscando refúgio. A missão acolheu o crente perseguido, oferecendo moradia, emprego e um novo recomeço.
Ao Guiame, a missionária explicou que casos de muçulmanos convertidos que sofrem perseguição da própria família é comum em Burkina Faso.
“Muitos têm medo de se converter e serem rejeitados pela família. Outros se convertem e já sabem que enfrentarão o abandono dos familiares”, disse ela.
Acolhendo crentes perseguidos
De acordo com a líder, sua igreja já acolheu e ajudou muitos ex-muçulmanos em casos semelhantes ao de Mady.
“Muitos permaneceram firmes apesar do abandono da família, porque acham uma família em Deus”, testemunhou a missionária brasileira.
Apesar de ser uma nação democrática e de sua constituição garantir liberdade religiosa, a população islâmica em Burkina Faso tem se radicalizado e grupos extremistas têm ganhado força no país.
O país africano está na 32° posição na Lista da Perseguição 2022 da Portas Abertas, classificando a nação na janela 10X40, a região no mundo mais fechada para o Evangelho.