Seu “Melim”, o Patriarca da Família Pacífico

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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coluna: Ivana Cristina
Colaboradores: Antonieta e Antônio Pacífico
Ícones de Brasileia e Epitaciolândia

Miguel Pacífico de Melo Filho, conhecido como Seu “Melim” nasceu no Seringal, desde cedo cortou seringa. Tinha prática no ofício! Tudo que ganhava investia no lugar que tinha comprado com o suor de seu trabalho. Quando casou com Francisca Borges Pacífico, já tinha casa e um lugar para chamar de seu. Juntos tiveram 11 filhos, por coincidência ou não, a mesma quantidade de filhos que seus pais tiveram.
Da geração de 11 filhos, criaram 09. Sendo 05 mulheres: Antonieta, Sônia, Ana, Rosângela e Gabriela e 04 homens: Eldo, Antônio, Francisco e José Roberto.
Moradores do Seringal Santa Quitéria, colocação Pedreira. Lá era um lugar lindo e aconchegante. Acordava de madrugada e saia para a labuta diária. A vida não era fácil. Os perigos eram constantes, mas ele nunca perdeu a fé! Era homem forte, seringueiro! A estrada de corte tinha seringueiras que não acabavam mais e ele tinha que buscar o provento para sua família! Quantas vezes ele contou com a ajuda de seus filhos: Eldo e Antônio Pacífico. Mesmo pequenos, acompanhavam o pai na árdua tarefa.
O lugar em que moravam era belo! Cercado de benfeitorias. Muito trabalho e amor envolvido, dava “gosto de ver”, mas, quando olhava para seus filhos pequenos, o sorriso desaparecia em seu rosto. Não desejava aquela árdua vida de sacrifícios! Queria um futuro melhor para eles. Sua esposa sempre esteve ao seu lado, na criação das crianças e no trabalho diário. Foi uma grande incentivadora da educação dos filhos. Desejava vê-los formados.
E foi com o incentivo de sua amada esposa que se mudaram para uma colônia que ficava quatro quilômetros da cidade de Brasileia. Foi com um olhar de tristeza, que deixaram aquele belo lugar para trás e seguiram em frente. Agora seus filhos teriam acesso à escola. Plantava, colhia, mas, o espaço era pequeno, não dava para expandir seus negócios.
A escola só oferecia até a 2° série primária. E o estudo dos seus filhos precisavam ir além. Um pouco relutante, Seu Melim comprou uma casa na cidade, na Rua Generalíssimo Deodoro(antiga rua do hospital). Enquanto tentava se erguer economicamente, seus filhos ficavam estudando na cidade, ele continuava trabalhando na colônia. Com o tempo, mudou-se para a cidade. Aqui a vida não foi fácil para ele, trabalhou como diarista e fez alguns serviços. Mas, para sua alegria, viu seus filhos prosperarem na vida. Logo eles que não tinham tido a oportunidade de frequentar uma escola. Vê-los formados, foi a realização do sonho desse lindo casal. O dever cumprido de um pai e uma mãe que abdicaram de tantas coisas para que seus filhos tivessem um futuro promissor. Um futuro que somente a educação poderia proporcionar.
Seu Melim podia não ter formação acadêmica, mas, aprendeu na escola da vida, a realizar cálculo matemático de “cabeça”, como dizem por aí! Era especialista em calcular e tirar a “prova dos nove”! Seu passatempo era memorizar data de aniversário de seus filhos e amigos. Identificava descendentes de seus amigos, criando sua árvore genealógica. Procurava manter-se informado de tudo. Podia não ter “habilidade com as letras”, mas, conhecimento era essencial.
Seu Melim foi um esposo, pai, avô e bisavô exemplar.
Tinha orgulho da família que construiu. Em 2010, no Centenário de Brasileia, recebeu uma homenagem das mãos do Deputado Edvaldo Magalhães, pela contribuição da Família Pacífico à Brasileia.
Seu Melim foi um amigo que presenteava à todos com seu sorriso contagiante.
Seu bigode característico era sua marca registrada. Ele era um homem forte, apesar da idade. Afinal, era filho de nordestinos. Seus pais vieram do Ceará trabalhar no corte da seringa, por essas bandas.
Em Brasileia, todos se davam bem com ele, do mais jovem aos amigos da terceira idade. A amizade com o Pacheco Pai já vinha de longas datas, vê-los sorrindo e conversando era muito comum, principalmente nas tardes de Brasileia.
Seu Melim era muito carismático! Fazia amizade fácil! Gostava de improvisar “repente com teor humorístico”! Aliás, caro leitor, ele gostava de “improvisar, de brincar com as palavras” e proporcionar algo divertido com elas, sem ofender a honra de ninguém!
No dia 05 de junho de 2012, Seu Melim partiu, deixou esposa, filhos, noras, genros, netos, bisnetos, irmão, sobrinhos e amigos entristecidos com sua breve partida. Logo ele que era tão saudável!
Ele faz falta: na convivência familiar, nas conversas com os amigos, no sorriso descontraído, na forma leve como levava a vida!
Seu Melim deixou um grande legado para sua família e seus amigos, de que a simplicidade, a honestidade, a alegria, o amor e o altruísmo fazem a diferença na vida das pessoas.
Ele e sua esposa nos deixam uma grande lição: a Educação ainda é o melhor caminho, para alcançar o objetivo desejado.
À Família Pacífico e Borges meu respeito, admiração e carinho.