Reportagem: Helizardo Guerra
Os munícipes de Epitaciolândia acompanham atentamente o que acontece de positivo nos municípios vizinhos — enquanto, por aqui, nada muda. Esse é um dos comentários recorrentes nas rodas de conversa da tarde, reflexo de uma insatisfação que já ultrapassa o campo da percepção informal.
Enquanto alguns municípios do Alto Acre avançam e conquistam reconhecimento nacional pela transparência na gestão pública, outros seguem firmes na arte da invisibilidade institucional. É o caso de Epitaciolândia, que, até o momento, não figura entre os destaques do Programa Nacional de Transparência Pública (PNTP), tampouco somou pontuação suficiente para receber os selos de qualidade concedidos pela iniciativa — ausência que, curiosamente, não veio acompanhada de qualquer explicação oficial.
A exclusão de Epitaciolândia da lista de municípios reconhecidos contrasta de forma evidente com o desempenho das cidades vizinhas. Brasiléia, por exemplo, alcançou 86,28% de avaliação no Radar Nacional da Transparência Pública, uma das pontuações mais elevadas do país, garantindo ao município o Selo Ouro de Transparência, recebido oficialmente pelo prefeito Carlinhos do Pelado. O reconhecimento consolida Brasiléia como uma das administrações mais transparentes do Acre e do Brasil, fortalecendo a confiança da população e ampliando os mecanismos de controle social.
No mesmo cenário positivo, Acrelândia e Xapuri foram além e conquistaram o Selo Diamante, o mais alto nível de excelência concedido pelo PNTP. Os resultados demonstram que, quando há compromisso com a publicidade dos atos administrativos e respeito ao cidadão, o reconhecimento não apenas chega, como ganha projeção nacional.
Já em Epitaciolândia, o silêncio institucional chama atenção. Não se sabe quais critérios impediram o município de alcançar a premiação, se houve falhas técnicas, ausência de informações obrigatórias nos portais oficiais ou, simplesmente, falta de prioridade política. O fato é que, em um momento em que a transparência se tornou requisito básico de boa governança, ficar de fora não passa despercebido.
Enquanto alguns gestores celebram selos, pontuações expressivas e reconhecimento nacional, outros ainda parecem tentar compreender que transparência não é favor — é obrigação legal e compromisso moral. No Alto Acre, os números falam por si. E o constrangimento também.