Em virtude dos seus dez anos de pontificado, o Papa Francisco conversou com o jornalista Jorge Fontevecchia para o programa “Periodismo Puro”, em uma entrevista de duas horas e meia.
O primeiro Papa argentino abordou diversos temas. Desde questões da filosofia religiosa, da Bíblia e dos filósofos contemporâneos, passando pela guerra na Ucrânia, a política argentina entre outros assuntos.
Um dos temas que chamou a atenção durante entrevista publicada na mídia argentina, foi quando o papa Francisco disse que o celibato dentro da Igreja Católica pode ser “revisado”. Para ele é uma “receita temporal” dentro da Igreja Ocidental.
“Não há contradição para um padre poder se casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporal. Não sei se é resolvido de uma forma ou de outra, mas é temporário nesse sentido”, disse Francisco, de sua residência em Santa Marta, na Cidade do Vaticano, falando ao meio de comunicação digital argentino Infobae no 10º aniversário de seu papado.
Questionado se a questão do celibato “poderia ser revisto”, o pontífice disse “sim, sim”, acrescentando que todos os membros da Igreja Oriental que desejam se casar são permitidos, portanto “há uma escolha aí”.
O crescimento evangélico no Brasil
O papa foi questionado sobre o crescimento da igreja evangélica no Brasil e, consequentemente, a queda no número de católicos.
“A que você atribui o crescimento das igrejas evangélicas no mundo? Isso indica de alguma forma uma falta de representação da Igreja Católica em alguns setores?”, perguntou o jornalista.
“Uma piada. Tive duas reuniões aqui, quando o presidente Lula estava preso, com o pessoal dele, um grupo que trabalhava para a libertação dele. O chefe era o Celso Amorim e numa dessas reuniões veio uma teóloga brasileira. Ele era uma senhora de 45 anos, protestante, luterana, e no final falamos um pouco. Eu disse a ela: “Diga-me, como você lida com a questão dos deputados da Igreja do Reino de Deus?” E ela respondeu: ”Aquela Igreja do Reino de Deus não é evangélica, é demoníaca, porque é política.”, disse ele.
O Papa Francisco ainda comentou sobre a forma como a fé se tornou algo pago nos dias atuais e que é preciso separar o que é um movimento religioso e o que é um movimento político e reforçou a visão da Igreja Católica em considerar as igrejas evangélicas como seitas.
“Eles usam o povo, tudo é pago lá, todo mundo é forte e de alguma forma eles buscam o poder.” Aquela mulher distinguiu para mim o que é uma religiosidade verdadeiramente religiosa e o que é uma religiosidade política. Que também conhecemos desvios deste tipo na Igreja Católica. Essa divisão no Brasil tem que ser feita para se ter uma boa noção do que é político e do que é religioso. Existem movimentos religiosos que não são religiosos; são políticos. E há movimentos religiosos que são religiosos e não é fácil discernir. Mas [essa divisão] deve ser feita hoje em dia com o que você chamou de seitas evangélicas, movimentos evangélicos, em que alguns são religiosos e outros não são.”