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Na Grécia, a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo obteve aprovação, nesta quinta-feira (15), no parlamento. A influente Igreja Ortodoxa Grega não conseguiu impedir que a resolução fosse rejeitada pelos parlamentares. A proposta foi apresentada pelo partido de direita no poder, Nova Democracia, do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.
Entre os 300 deputados gregos, 176 votaram a favor da medida. Contrários foram 76 votaram, e dois se abstiveram. Os outros 46 parlamentares não compareceram à votação. A medida precisava de maioria simples para ser aprovada no parlamento.
Segundo pesquisas, a maioria dos gregos apoia o projeto de lei proposto pelo governo de centro-direita e endossado por quatro partidos de esquerda, incluindo o Syriza. Assim, a Grécia é o primeiro país de fé cristã ortodoxa a permitir legalização da união homoafetiva. No mundo, o país é 37º, e na União Europeia o 17º.
“Hoje é um dia de alegria porque, a partir de amanhã, mais uma barreira entre nós será removida para criar uma ponte de coexistência num Estado livre com cidadãos livres”, declarou o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, apoiador da medida.
O projeto de lei garante ainda aos casais homossexuais o direito à adoção de menores. No entanto, proíbe que eles utilizem barrigas de aluguer para terem filhos.
Conservadorismo grego
A Grécia é considerada um país dos mais conservadores da Europa, que adota o modelo familiar tradicional. A nação é bastante influenciada pela Igreja Ortodoxa, que não a aprova a homossexualidade.
Em carta, a autoridade máxima da Igreja Ortodoxa Grega, o Santo Sínodo, expressou aos parlamentares que o projeto de lei “coloca um fim à paternidade e à maternidade, neutraliza os sexos”, além de gerar um “ambiente de confusão” para as crianças.
Nas últimas semanas, os clérigos pregaram sobre o tema por todo o país, transmitindo a visão de desaprovação à proposta. Alguns bispos, inclusive, destacaram que se recusariam a batizar os filhos de casais do mesmo sexo.
Entre os gregos, a questão gerou divisões. A Igreja Ortodoxa desempenhou um papel importante nas manifestações contrárias ao projeto de lei. Opositores e defensores do projeto convocaram mobilizações separadas diante do parlamento grego. Cabe destacar que, desde 2015, a Grécia permitia a união civil entre casais do mesmo sexo, que não oferecia as mesmas garantias legais que o casamento.
Casamento entre pessoas do mesmo sexo na Europa
O casamento foi aberto para casais do mesmo sexo nos Países Baixos em 2001. Em primeiro lugar, isto foi visto como uma experiência social, da qual não havia certeza se outros países reconheceriam a legalidade desses laços. Mas especialmente a partir de 2010, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é visto como a ponta de lança da emancipação homossexual.
No continente europeu, no total, dezenove países abriram o casamento para homossexuais. Entre esses países estão os principais estados membros da União Europeia da Europa Ocidental, como Alemanha, França e Espanha.
Por outro lado, quinze países europeus incluíram o casamento tradicional na sua constituição. Entre estes estão a Ucrânia, a Hungria, a Letônia e a Polônia. Alguns desses países, no entanto, reconhecem as parcerias entre pessoas do mesmo sexo.
Alguns outros países estão no meio. A Turquia, a Bósnia e a Albânia, por exemplo, não abriram o casamento para gays, mas também não incluíram o casamento tradicional na Constituição.