colunista: Ivana Cristina Colaboração: Jane Vasconcelos Ícones de Brasileia e Epitaciolandi
Pedro Alexandrino era seu nome, mas o conheciam carinhosamente por Pedroca. Morador antigo de Brasileia, fixou residência na zona rural do município, no ramal do Jarinal. Era casado com a Professora Dolores da Paixão Vasconcelos Alexandrino, mulher inteligente, de conduta ilibada, profissional brilhante, mãe, avó e esposa dedicada. Ambos eram muito religiosos, figuras sempre presentes nas missas dominicais, novenas e procissão de São Francisco. Na procissão, ela ia a pé, ele, elegante em um cavalo, percorrendo as principais ruas da cidade até o Santuário São Francisco, no Km 5. Pedroca e Dolores eram devotos também de Santa Raimunda, a Alma do Bom Sucesso, localizada no Seringal Icuriã em Assis Brasil. Faziam o trajeto anualmente e nas madrugadas do dia 15 de agosto(dia da Santa), o caminhão do Pedroca percorria as principais ruas de Brasileia, levando os romeiros para a procissão, não deixavam ninguém para trás. Com o passar dos anos, ele adoeceu, mesmo debilitado pela doença, não deixou de participar da Caminhada Ecológica como é conhecida a Procissão de Santa Raimunda, a Alma do Bom Sucesso. Não tendo forças para fazer o percurso de 16 km(ida e volta)a pé, ele fazia à cavalo. Aliás, cavalo era a sua paixão, tinha tanta desenvoltura, que parecia ter nascido em cima de um. No horizonte de sua fazenda, homem e cavalo pareciam um só. Pedroca não era apenas conhecido pela fé católica, era um homem de negócios, sabia negociar como ninguém e prosperava cada vez mais. Sua fazenda era “uma belezura de se ver”, mas tinha tanto trabalho envolvido! Acordava cedo para a labuta diária, o sol castigava, a chuva incomodava, as tarefas aumentavam, mas, ele não perdia o foco! Reclamar para que? Se estava fazendo o que amava! Pedroca era um homem rústico, elegante, sempre bem vestido e conservava um bigode bastante chamativo. Mas, quem fez o Pedroca ser uma fortaleza foi sua esposa Dolores. Ela sempre esteve ao seu lado. Uma mulher sábia, admirável! Uma mãe excepcional, acolhedora, conselheira, cheia de virtudes. Dolores foi minha Professora de História no 6° ano na Escola IOP, com ela eu descobri o fascínio pela arqueologia. O tempo passou, me formei e tive a honra de trabalhar com ela na Escola Kairala, ambas Coordenadoras, quantos conselhos foram recebidos! Bastava uma conversa com ela, que eu traçava novas estratégias e alcançava novas metas. Com sua voz calma, porém firme, me orientou bastante no desempenho de minha função. Quanta gratidão! Dolores, além de ser uma excelente profissional, foi uma esposa exemplar, quando Pedroca adoeceu, ela estava ao seu lado, aliás como sempre esteve, estendendo a mão. Apesar do esforço e da luta pela vida, Pedroca se foi! Deixando a Professora Dolores viúva, mas, ela não ficou sozinha, aliás ela nunca esteve sozinha, sempre rodeada pelo amor de seus amigos e familiares. Pedroca deixou saudades no coração de todos. Aliás, o lugar em que moravam, nunca mais foi o mesmo sem ele. Perdeu o encanto, o brilho que ele carregava consigo, sua presença era tão marcante que preenchia todo o lugar. E quanto a Dolores, ela é uma fortaleza, católica, caminha firme, com força e fé em Deus, sempre acreditando no amanhã e na realização de seus sonhos. Pedroca descansa em paz! Professora Dolores, minha admiração, carinho e respeito.