Uma Vila chamada Epitácio

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Ícones de Brasileia e Epitaciolândia

Epitaciolândia tem seus encantos, tem um bairro que no passado já foi aeroporto. Aviões de pequeno e médio portes já aterrissaram lá! Eu e a Francisca Oliveira corríamos em “disparada” para assistir a aterrissagem, ficávamos envolvidas em uma nuvem de poeira, mas a emoção valia, apesar de saber que quando chegasse em casa a surra era certa! Sempre tinha alguém para contar aos nossos pais! Epitaciolândia tem moradores fantásticos!
Quem não conhece o Manoel Oliveira?
Quem não conhece o Plácido Moreira Filho?
A Madonna?
O Adelson? Adelson é uma figura muito conhecida! Antes de adoecer, tinha uma aparelhagem de som e um triângulo, que fazia muito barulho em frente ao Mercantil São Sebastião, hoje, sua companhia é uma bengala! Mas, segundo ele, daqui uns dias, volta a ativa, para “deleite” ou não, de alguns moradores.
Outro morador conhecido é o Zé Maria, sempre andando de um lado para outro, maltrapilho, com olhar perdido no horizonte, dormindo nas calçadas! Mas, nem sempre foi assim. Na década de 90, José Maria chegou à Vila Epitácio (Epitaciolândia). Rapaz forte, bonito, bem vestido, falante, usava roupas e tênis do ano. Encantou logo as mocinhas da região. Um rapaz de boa família, mas escolheu “amigos” errados e pagou caro por sua escolha. Ficou preso na Bolívia por muitos anos e quando foi devolvido ao convívio social, estava da forma como o conhecemos hoje. Difícil acreditar!
E tem o Jorge da Dona Bebé! Jorge é um funcionário exemplar da Prefeitura, varre o centro comercial de Epitaciolândia, com amor. Me desculpem os outros funcionários, mas não vi ninguém com tanto empenho, zelo, eficiência e dedicação quanto o Jorge, na função que desempenha. Sua mãe, Dona Bebé, tinha muito cuidado com ele, com o falecimento da mesma, Jorge vê no trabalho um refúgio, uma maneira de continuar a viver e a sonhar! Como ele fica feliz, quando recebe um bom dia ou quando alguém o cumprimenta!
Como não falar da Frutaria Moura, produtos fresquinhos! Edilson Moura recebe cada freguês com um sorriso no rosto, o mesmo sorriso que sua mãe Nega Moura nos presenteava!
Como esquecer do cheiro do tacacá da Dona Ezilda, que fazia a gente salivar nas ensolaradas tardes de verão!
Como esquecer das roupas feitas pelas mãos da Neguinha! Costureira afamada na região!
Como esquecer do taxista Mamão, sempre prestativo, quantas vezes levou fregueses ao hospital, sem dinheiro para pagar a corrida!
Como esquecer das deliciosas pizzas da Pizzaria Ribeiro! Que fazia nossa alegria na adolescência e até hoje se mantém no mercado, com um sabor indecifrável!
Como esquecer da carne bovina fresquinha vendida pelo Seu Júlio(pai da Maria do Carmo) em seu açougue.
Como esquecer dos deliciosos e famosos charutos com sabor inigualável da Maria do Carmo!
Como esquecer da charrete do Antônio Gordo e ele nos presenteando com um belo sorriso!
Quantas saudades!
Na minha infância, convivi com pessoas que tinham nomes marcantes: Tubiba, Zé Tucum, Maria Tiborna, Maria Pernambuco, Pixita, Tambureira, Pedro Mazuca, Maricota, Jabuti, Massimino, Xaxá de Anum, Seu Adorlar, Chico da Viola, Seu Antão, Seu Chicó, Chico da Viração e Zé Vião!
Zé Vião era um ébrio! Gostava de ouvir o hino “Se as águas do mar da vida”! Certa vez, Zé Vião entrou na igreja no horário da missa! Interrompeu o Padre Francisco e pediu para cantar o hino, com muita insistência todos os presentes executaram o hino. Assim que terminou o cântico, ele foi embora. Quando Zé Vião faleceu, seu caixão foi carregado pelos “amigos de copo” pelas ruas da cidade até o cemitério e entoavam o cântico: “se as águas do mar da vida”.
Lembro também do Chico Arruda, um senhor que bebia muito, mas que dificilmente ficava embriagado! Até hoje, quando alguém “toma todas” e não cai, alguns amigos falam: Está parecendo o Chico Arruda!
Doces lembranças de uma cidade mágica que eu amo chamar de minha.