colunista: Ivana Cristina
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia
Com a notícia do falecimento da Mariinha, vejo-me a recordar a amizade da Mariinha e Nega Moura, que ultrapassou os limites do tempo. Foram duas mulheres independentes. Eram “donas” de seu próprio negócio e consequentemente, do seu próprio “nariz”. Estou falando de uma época em que o marido era considerado o “chefe” da casa. Homem era para proteger, sustentar, dar reputação à mulher. Era o “selo de qualidade”. Cabia a elas apenas os afazeres domésticos e a lida com os filhos. Elas quebraram essa barreira em uma Vila, cheia de preconceitos, de atraso e “disse-me-disse”. Mostraram para a sociedade da época, que a mulher pode ser independente, pode conquistar o que ela quiser, basta querer. Nega Moura, era proprietária de um bar, localizado na Avenida Santos Dumont(hoje, loja da Blazer). Era frequentado por soldados do Exército brasileiro. Era o “point” deles. Bebiam, paqueravam, jogavam sinuca e muita conversa fora. Mariinha, era dona da pensão. A pensão da Mariinha(se não me falha a memória, localizada, hoje, na Loja Rainha dos preços), tinha sua ajudante Mirian. Elas preparavam a melhor comida da Vila. Sua freguesia era os Agentes da Polícia Federal, que diariamente vinham realizar suas refeições. No final da tarde, lá estavam as duas, colocando a conversa em dia. Nega Moura tinha uma risada solta, extrovertida, sempre acenando e rindo para as pessoas. Uma mulher alegre e acolhedora. Mariinha era mais retraída, tímida, tinha um círculo de amizade mais restrito. Hoje, as duas se reencontraram. Deixaram aqui na terra, na lembrança de quem as do conheceu, uma melancolia e admiração por duas mulheres que viveram além do seu tempo.
Mariinha e Nega Moura, minha admiração e respeito.